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Qual a verdadeira ajuda para o Futebol Profissional do Amazonas? Como investir corretamente desde já?

Por :  Nailson Castro

O empresário Oldair Pimenta, adepto de outra modalidade de enorme popularidade no Brasil,   o voleibol, relembra,  com saudades o tempo em que o Amazonas era reconhecido nacionalmente no jogo com as mãos, com atletas amazonenses, pratas da casa. “Os irmãos Gadelha, Takeda, Fernando, Marquinhos, Amarildo,  os garotos da quadra dos Capuchinhos, da Escola Técnica. Eram muitos atletas nossos, amazonenses, formados aqui e que representavam com honra o Amazonas em competições nacionais. Sempre tivemos  talento em todos os esportes, mas esses talentos estão se perdendo por falta de trabalho técnico e orientação especializada. Eles caminham em um mundo paralelo , o dom esportivo que receberam de Deus não ajuda nem a eles e nem a nossa sociedade, enquanto estivermos importando jogadores vai ser assim”, enfatizou. “A Jonasa, com atletas amazonenses, jogou de igual pra igual com a Pirelli, campeã mundial de clubes, aqui em Manaus. Se investirem corretamente, teremos resultados em qualquer esporte”, afirma.

 

Dias depois de assistir o representante amazonense na Copa de Brasil ser eliminado de forma acachapante para o Bahia, time da série A do Brasileirão, o assunto tomou conta das redes sociais, principalmente nas páginas pessoas dos aficionados por esportes, em especial os ligados ao futebol. Seria capaz, um time amazonense da terceira divisão eliminar um time da primeirona ?

A resposta é sim. Já ocorreu inclusive em final da Copa do Brasil.  Mas o que ocorreu com o Manaus, que jogou bem, mas perdeu o jogo de goleada ? Diversas falhas individuais sucessivas, em todos os gols sofridos. Ocorre em qualquer time, de qualquer divisão do futebol, em qualquer pais do mundo. Reconhecemos que o Manaus está de parabéns pelo que vem fazendo no futebol amazonense nos últimos seis anos, mas não basta. É por isso que escrevemos tais linhas.

Partindo do princípio de que o futebol amazonense passa por uma profunda reconstrução, após décadas de má gestão local (do principal esporte para os brasileiros), administrativamente falando, seria melhor e mais seguro, gastar dinheiro com o aprendizado dos nossos, dos atletas amazonenses, nascidos e formados aqui. Se é para perder, que percamos com nossa mão de obra, pois o aprendizado é coletivo e os benefícios são de nossos clubes e representantes.

Foi por esse motivo que um dos baluartes do desporto amazonense rompeu com a Secretaria de Estado de Esportes, no inicio dos anos 2000. Manasseh Barbosa enfrentou os gastos com atletas adultos de outros estados, contratados com altos salários e que não traziam títulos para o Amazonas. “Se é para gastar tanto dinheiro e não trazermos resultados, que gastemos com nossos jovens e formemos os nossos remadores”, disse inúmeras vezes Manasseh.  Ao invés de ser ouvido, foi praticamente banido das atividades administradas pela então Sejel.

A Federação Amazonense de Remo seguiu em outras mãos, sem nunca obter expressivos resultados. Manasseh por sua vez fundou a Liga Náutica de Remo do Amazonas, pela qual revelou diversos talentos em diversos bairros de Manaus, sobretudo Colônia Antonio Aleixo e Compensa. Conquistou títulos locais, regionais, nacionais e até pódios internacionais, representando a Tuna Luso Brasileira, sediada na capital paraense. Provou de todas as maneiras que tinha razão, mas nunca foi perdoado pelo sistema por ter se colocado contra os maus investimentos.

Chegamos ao ponto. Quais seriam os investimentos corretos a serem feitos pelo Governo do Amazonas e pela Prefeitura de Manaus (e demais) junto ao futebol profissional? Continuar com a prática atual, pagando despesas altas, uma ou duas vezes por ano, sem obter resultados?  Investir em contratações de jogadores de outros estados que ao terminar as competições vão embora? Ou seria trabalhar de forma planejada e estruturada as categorias de base, masculina e feminina ?

Ao nosso ver, Governo do Amazonas e prefeituras,  deveriam estruturar espaços físicos (campo de futebol, vestiário , almoxarifado e banheiro) e dar aos clubes a posse dessas estruturas,  para que utilizem no trabalho com as crianças e adolescentes. Um campo de futebol de grama sintética é mais barato e duradouro (pelo menos 4 anos) do que um contrato para a produção de banners e cartazes para os dias de jogos em nossos estádios (um ou dois jogos).

O espaço seria campo de treinamento para o esporte. Espaço social para a cidadania. Espaço de saúde para as comunidades. Ocupação física saudável contra as mazelas sociais como o tráfico de drogas. Ferramenta auxiliar para a educação, enfim, uma gama de vantagens imediatas para a sociedade como um todo e a médio e longo prazo para o futebol profissional e economia dos milhares de famílias que apostam no talento de seus filhos, homens e mulheres. Além disso movimentaria um mercado financeiro em seu redor com diversas vertentes como material esportivo, alimentação, nutrição, fisioterapia, atividades lúdicas, saúde preventiva, confecções… Alguma dúvida sobre o melhor investimento a ser feito desde já?

Para o ex-secretário de Esportes do Amazonas e vereador da cidade de Manaus, Caio Andre Pinheiro de Oliveira, ex jogador de futsal, seleção amazonense por vários anos, investir na juventude da periferia é o caminho correto, como ocorre nos grandes centros de futebol brasileiro. “Precisamos desenvolver uma equação na qual estado e município contribuam de forma mais evidente e eficiente, ajudando os clubes sim, mas ao mesmo tempo ajudando as familias, as comunidades, o comercio que gira em torno do futebol. É uma industria gigantesca e nós do Amazonas, que já fomos muito fortes, não estamos conseguindo voltar ao patamar que já estivemos. É realmente preciso investir de forma sistematizada na base, nos campos, na estrutura. Investimento duradouro para termos resultados duradouros. O Manaus por exemplo, está de parabéns, mas o futebol do Amazonas não pode viver só do que é feito pelo Manaus.


Para o representante Comercial Marcelo Melo, atleta nas horas vagas e estudioso do futebol, a falta investimentos na base do futebol amazonense é gritante . “Ao observarmos o porte físico e o desempenho atlético dos nossos jovens atletas em relação aos atletas do Sul do país, é fácil perceber que aqui a garotada está por conta própria, se alimentando mal, se exercitando mal, aprendendo de forma incorreta. Não basta só ser habilidosa com a bola nos pés”, alerta Marcelo. “Quando se aproximam dos atletas de fora física e tecnicamente, falham no psicológico. Issporque não fazem intercâmbios, porque não são acompanhados e orientados adequadamente”, completa Melo.

O radialista, cronista, compositor e historiador  esportivo Daniel Salles, estudioso do assunto futebol, lembra que antigamente os clubes investiam na própria base porque tinham privilégios na venda dos jogadores. Mas com a criação da Lei Pelé, os clubes perderam financeiramente e os lucros foram direcionados para empresários. Funcionou no inicio, mas lentamente fragilizou a maioria dos clubes, que não investem para não ficarem no prejuízo. “É necessário rever essa Lei em Brasília. Encontrar uma solução que permita ao clube também ganhar. Dar uma remodelada levando em consideração o alcance social e econômico. O Estado Brasileiro, por meio de iniciativas parlamentares, precisa reconhecer essa necessidade e atuar na mudança”, enfatiza Daniel.

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