Por : Nailson Castro
Dias depois de assistir o representante amazonense na Copa de Brasil ser eliminado de forma acachapante para o Bahia, time da série A do Brasileirão, o assunto tomou conta das redes sociais, principalmente nas páginas pessoas dos aficionados por esportes, em especial os ligados ao futebol. Seria capaz, um time amazonense da terceira divisão eliminar um time da primeirona ?
A resposta é sim. Já ocorreu inclusive em final da Copa do Brasil. Mas o que ocorreu com o Manaus, que jogou bem, mas perdeu o jogo de goleada ? Diversas falhas individuais sucessivas, em todos os gols sofridos. Ocorre em qualquer time, de qualquer divisão do futebol, em qualquer pais do mundo. Reconhecemos que o Manaus está de parabéns pelo que vem fazendo no futebol amazonense nos últimos seis anos, mas não basta. É por isso que escrevemos tais linhas.
Partindo do princípio de que o futebol amazonense passa por uma profunda reconstrução, após décadas de má gestão local (do principal esporte para os brasileiros), administrativamente falando, seria melhor e mais seguro, gastar dinheiro com o aprendizado dos nossos, dos atletas amazonenses, nascidos e formados aqui. Se é para perder, que percamos com nossa mão de obra, pois o aprendizado é coletivo e os benefícios são de nossos clubes e representantes.
A Federação Amazonense de Remo seguiu em outras mãos, sem nunca obter expressivos resultados. Manasseh por sua vez fundou a Liga Náutica de Remo do Amazonas, pela qual revelou diversos talentos em diversos bairros de Manaus, sobretudo Colônia Antonio Aleixo e Compensa. Conquistou títulos locais, regionais, nacionais e até pódios internacionais, representando a Tuna Luso Brasileira, sediada na capital paraense. Provou de todas as maneiras que tinha razão, mas nunca foi perdoado pelo sistema por ter se colocado contra os maus investimentos.
Chegamos ao ponto. Quais seriam os investimentos corretos a serem feitos pelo Governo do Amazonas e pela Prefeitura de Manaus (e demais) junto ao futebol profissional? Continuar com a prática atual, pagando despesas altas, uma ou duas vezes por ano, sem obter resultados? Investir em contratações de jogadores de outros estados que ao terminar as competições vão embora? Ou seria trabalhar de forma planejada e estruturada as categorias de base, masculina e feminina ?
Ao nosso ver, Governo do Amazonas e prefeituras, deveriam estruturar espaços físicos (campo de futebol, vestiário , almoxarifado e banheiro) e dar aos clubes a posse dessas estruturas, para que utilizem no trabalho com as crianças e adolescentes. Um campo de futebol de grama sintética é mais barato e duradouro (pelo menos 4 anos) do que um contrato para a produção de banners e cartazes para os dias de jogos em nossos estádios (um ou dois jogos).
O espaço seria campo de treinamento para o esporte. Espaço social para a cidadania. Espaço de saúde para as comunidades. Ocupação física saudável contra as mazelas sociais como o tráfico de drogas. Ferramenta auxiliar para a educação, enfim, uma gama de vantagens imediatas para a sociedade como um todo e a médio e longo prazo para o futebol profissional e economia dos milhares de famílias que apostam no talento de seus filhos, homens e mulheres. Além disso movimentaria um mercado financeiro em seu redor com diversas vertentes como material esportivo, alimentação, nutrição, fisioterapia, atividades lúdicas, saúde preventiva, confecções… Alguma dúvida sobre o melhor investimento a ser feito desde já?
Para o representante Comercial Marcelo Melo, atleta nas horas vagas e estudioso do futebol, a falta investimentos na base do futebol amazonense é gritante . “Ao observarmos o porte físico e o desempenho atlético dos nossos jovens atletas em relação aos atletas do Sul do país, é fácil perceber que aqui a garotada está por conta própria, se alimentando mal, se exercitando mal, aprendendo de forma incorreta. Não basta só ser habilidosa com a bola nos pés”, alerta Marcelo. “Quando se aproximam dos atletas de fora física e tecnicamente, falham no psicológico. Issporque não fazem intercâmbios, porque não são acompanhados e orientados adequadamente”, completa Melo.