PT tenta aproximação com prefeito de Belo Horizonte de olho em 2026

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Por Cleber Lourenço

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) afirmou ao ICL Notícias que o Partido dos Trabalhadores está empenhado em fortalecer sua relação com o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), em uma estratégia que extrapola o campo administrativo e mira uma reconfiguração política em Minas Gerais.

A articulação, segundo Correia, está conectada também à possível candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao governo estadual. O objetivo é consolidar uma frente ampla que permita ao campo lulista ampliar sua influência em um dos maiores colégios eleitorais do país.

As movimentações em torno dessa aproximação envolveram uma série de reuniões realizadas em Brasília. Rogério Correia detalhou que, ao lado de outros parlamentares da bancada petista mineira, participou de visitas a três pastas centrais do governo federal.

No Ministério da Gestão e Inovação (MGI), ele esteve acompanhado do deputado Patrus Ananias. A pauta principal foi a doação da área do antigo Aeroporto Carlos Prates, considerada uma região nobre de Belo Horizonte. A proposta é transformar o espaço em um novo bairro com infraestrutura urbana integrada, incluindo unidades de saúde, educação e habitação popular.

No Ministério da Saúde, Correia esteve com a deputada Ana Pimentel, onde foram apresentadas demandas prioritárias da capital mineira, especialmente voltadas ao fortalecimento da rede de atenção básica e ao financiamento de novos equipamentos hospitalares.

Já na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), participaram os três parlamentares — Correia, Ana Pimentel e Patrus Ananias — em uma agenda voltada para destravar recursos federais e consolidar a interlocução institucional entre a prefeitura e o Palácio do Planalto.

PT tenta aproximação com prefeito de Belo Horizonte de olho em 2026

Prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil)

Estratégias do PT

Esses encontros tiveram ainda desdobramentos no campo partidário. Em reunião com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o grupo discutiu não apenas os compromissos administrativos com Belo Horizonte, mas também o papel estratégico que a capital mineira pode cumprir na rearticulação da base de apoio a Lula no estado.

“Com o Rodrigo Pacheco, ao que tudo indica, definindo a candidatura, e nós vamos apoiar a candidatura do Rodrigo Pacheco, também ao que tudo indica, eu desejo ao presidente Lula, isso nos coloca numa boa condição de estar debatendo com o prefeito”, afirmou Correia, em declaração que sinaliza uma tentativa de alinhamento tático entre diferentes espectros da base governista.

Correia também destacou a importância de reconhecer que o prefeito tem autonomia e que coloca “Belo Horizonte acima de todas as questões”. Mas pondera que, com a realização de entregas concretas à cidade por meio do governo federal, é possível construir uma relação mais sólida. “O prefeito tem razão, é o prefeito da cidade. Por isso, a gente precisa atender as prioridades que ele apresenta. Nosso objetivo é caminhar junto pelo interesse de BH e também do Brasil”, completou o deputado.

A presença de quatro vereadores do PT de Belo Horizonte nas agendas também revela que a iniciativa não é isolada. O partido tem buscado reconstruir uma base local com maior inserção nas decisões do Executivo municipal. A ideia é garantir que o partido seja visto não apenas como aliado eleitoral, mas como parceiro de gestão, influenciando diretamente na formulação de políticas públicas e no planejamento de obras e investimentos.

Nos bastidores, aliados de Correia apontam que o entendimento com Álvaro Damião é uma aposta para conter a fragmentação da base progressista na capital e evitar que o campo bolsonarista ganhe espaço em 2026. atuando como mais um elo entre Lula e Minas Gerais, estado onde o presidente ainda encontra dificuldades para consolidar apoio majoritário.

A movimentação confirma a estratégia do PT de ampliar pontes com setores do centro político e de administrações locais que, embora não sejam formalmente alinhadas ao governo, podem se tornar aliadas diante de agendas comuns. Em Minas, onde a disputa com o governador Romeu Zema (Novo) e o bolsonarismo se intensifica, a capital Belo Horizonte aparece como terreno-chave para influenciar os desdobramentos eleitorais e institucionais dos próximos anos.

Segundo fontes ligadas ao PT, o plano mais ambicioso dessa articulação passa por convencer Álvaro Damião a deixar o União Brasil e migrar para o PSD. A avaliação interna é que, caso permaneça no União, Damião tenderia a seguir alinhado com setores mais conservadores, o que dificultaria uma composição com o campo lulista. O União Brasil, segundo dirigentes petistas, certamente lançará candidato próprio ou apoiará nomes da oposição a Lula.

A eventual mudança de partido por parte do prefeito é vista como peça-chave para consolidar um palanque competitivo para Lula em Minas Gerais, estado considerado estratégico para as eleições presidenciais de 2026. A costura, que envolve o apoio a Pacheco ao governo estadual e a formação de uma frente ampla em Belo Horizonte, busca antecipar cenários e neutralizar riscos de isolamento político do presidente em uma das unidades federativas mais desafiadoras do ponto de vista eleitoral.



Fonte: ICL Notícias

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