Família de paciente exposta por estudantes de medicina pede R$ 632 mil em indenização

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(Folhapress) – A família de Vitória Chaves da Silva, jovem que morreu após quatro transplantes e teve seu caso comentado na internet por duas estudantes de medicina, pede R$ 632 mil na Justiça em indenização por danos morais ao Incor (Instituto do Coração), do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo), às autoras do vídeo e à instituição de ensino Inspirali.

Em abril, as estudantes de medicina Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano publicaram um vídeo no TikTok comentando a situação da paciente que passou por três transplantes no coração e um no rim, sem a citar nominalmente. As duas tiveram conhecimento do caso pois estiveram no Incor para a realização de um curso de extensão de curta duração, em parceria com a Inspirali Educação.

O vídeo viralizou nas redes sociais devido ao tom usado pelas estudantes. Elas afirmaram que um dos transplantes de coração não foi bem-sucedido porque os medicamentos não foram tomados corretamente, e disseram que a menina deveria achar que “tem sete vidas”.

estudantes de medicina

Gabrielli Farias de Souza e Thaís Foffano, estudantes de medicina, que publicaram o vídeo sobre a paciente transplantada nas redes sociais

Vitória recebeu o diagnóstico de cardiopatia congênita, uma má formação no coração surgida ainda no desenvolvimento do feto. Ela morreu aos 26 anos por choque séptico e insuficiência renal crônica poucos dias após a publicação.

A família registrou queixa na delegacia após o vídeo viralizar. O caso segue na 18ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo. O processo afirma que o conteúdo gravado na instituição de saúde falava sobre o caso de Vitória de forma “desrespeitosa, maldosa, debochada e infantil”.

A defesa da mãe e da irmã de Vitória pede ainda os custos do tratamento psicológico das familiares. “Elas ficaram marcadas. Não é mais a mesma vida. Elas sofreram com a dor da perda e com a dor do deboche”, diz o advogado Eduardo Lemos à Folha de S.Paulo.

Em nota, o HCFMUSP afirma que ainda não foi notificado pela Justiça sobre o caso. O hospital também diz que reitera seu compromisso com a excelência de atendimento e reforça que o respeito é um valor inegociável do instituto.

Estudantes de medicina e o caso

“Vitória esteve sob acompanhamento no Incor por mais de 20 anos. Desde a infância, recebeu cuidados contínuos e integrados. Ao longo de toda essa trajetória, foi assistida com o que há de mais avançado em procedimentos médicos, sempre com acolhimento e dedicação das equipes multiprofissionais, em consonância com os mais altos padrões de qualidade e humanização do atendimento.”

Procurado pela Folha de S.Paulo, o Inspirali Educação não quis se manifestar. As defesas de Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano também não responderam às questões da reportagem.

O caso de Vitória já havia sido retratado pelo Profissão Repórter, da TV Globo, em 2016. Cinco anos depois, em nova entrevista ao programa, a paciente disse estar debilitada e cuidando de problemas decorrentes da insuficiência cardíaca.

A jovem nasceu em Luziânia (196 km de Goiânia) e recebeu o diagnóstico de anomalia de Ebstein, uma cardiopatia congênita, após o nascimento. Mudou-se para São Paulo com quatro anos para realizar procedimentos médicos, e passou pelo primeiro transplante em 2005.

O segundo transplante viria em 2016, após novos problemas no coração. Três anos depois, sofreu de rejeição aguda do órgão e foi internada no Distrito Federal. Recebeu liberação médica para fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Em 2023, Vitória passou por um transplante no rim e voltou para a fila de possíveis receptores para um novo coração. O terceiro órgão foi recebido no ano passado.



Fonte: ICL Notícias

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