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A ex-presidente do Brasil e atual presidente do Banco do Brics, Dilma Rousseff (PT), exibiu em evento na China nesta terça-feira (13) um mapa-múndi com o Brasil posicionado no centro e o Sul voltado para cima. Dilma estava ao lado do presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann.
O instituto anunciou na última semana o lançamento de um mapa-múndi que traz uma projeção cartográfica invertida. Ou seja, o território dos países aparece de ponta-cabeça se comparado aos modelos frequentemente utilizados. Com isso, as nações do hemisfério sul ocupam a parte superior do globo, e o Brasil preenche o centro do mapa.
Na segunda-feira (12), Pochmann afirmou que a versão invertida do mapa teve “êxito instantâneo”. “A publicação do novo mapa-múndi pelo IBGE alcançou êxito instantâneo, considerando o importante debate aberto e destravado sobre o Brasil diante da nova geopolítica global impulsionada pela emergência do Sul Global”, escreveu.
“A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no Brics e Mercosul e na realização da COP30 no ano de 2025″, disse Pochmann em sua conta no X (antigo Twitter).
A novidade também foi anunciada no site da agência de notícias do IBGE. Há um ano, a gestão Pochmann havia provocado debates nas redes sociais com a criação de um outro mapa-múndi. À época, o material já trazia o Brasil no centro da projeção, mas não de forma invertida, como ocorre desta vez.
Chamado de “lacração geográfica” por alguns e “ícone decolonial” por outros, o mapa de 2024 polarizou internautas que passaram a discutir temas como cartografia, geopolítica e patriotismo. A instituição falou à época em “grande sucesso” da iniciativa.

Mapa do IBGE (Foto: Divulgação/IBGE)
Houve, porém, quem enxergou ruído desnecessário para o IBGE, um órgão de Estado que historicamente prezou pela discrição ao divulgar dados que muitas vezes são sensíveis para governantes.
O instituto é responsável pela produção técnica do Censo Demográfico e de indicadores como PIB (Produto Interno Bruto), taxa de desemprego e inflação.
O lançamento do mapa invertido ocorre meses após a explosão de uma crise interna no órgão.
Servidores passaram a reclamar de medidas adotadas pela gestão Pochmann, como a criação de uma fundação de direito privado, a IBGE+, suspensa neste ano.
O sindicato dos trabalhadores chegou a apontar autoritarismo em decisões da direção do instituto, que rebateu as acusações em mais de uma ocasião. Pochmann foi indicado ao comando do IBGE pelo presidente Lula (PT) e, apesar da crise, conseguiu se manter no cargo.
Anúncio do novo mapa
A direção do instituto anunciou o novo mapa em conjunto com a realização de um evento chamado Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global – Novos indicadores e temas estratégicos para o desenvolvimento e a sustentabilidade na Era Digital.
Segundo o IBGE, a programação é organizada em conjunto com o Governo do Ceará. A agenda está prevista para ocorrer de 11 a 13 de junho em Fortaleza.
“O Triplo Fórum tem como objetivo organizar um debate técnico (presencial e remoto), com a oportunidade de reunir os chefes dos Institutos Nacionais de Estatística, autoridades, parlamentares, gestores públicos e privados, universidades, entidades da sociedade civil, jovens pesquisadores, estudantes, entre outros, em torno dos desafios da Governança internacional na Era Digital e seus impactos para as economias do Sul Global”, diz a nota divulgada pelo IBGE.
Ainda de acordo com o instituto, o novo mapa-múndi pode ser comprado por interessados na loja virtual do órgão. O início das vendas físicas está previsto para segunda-feira (12) no Palácio da Fazenda, no Rio o IBGE tem um espaço no local.
Fonte: ICL Notícias