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Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas. Para quem ganha pouco, Vale a Pena deixar de comer pra manter o filho matriculado ?

Essa publicação foi construída ao longo de 30 dias e não tem a finalidade de denegrir o trabalho da instituição Policia Militar do Amazonas, à qual, sempre que podemos fazemos elogios e agradecimentos.  Nem tampouco dos Colégios Militares da PM, sobre os quais reconhecemos sua importância para a sociedade amazonense, sobretudo em Manaus.
Mas temos o compromisso de mostrar fatos. Se são fatos, devem ser noticiados.
Não é uma matéria para denunciar, mas para expor fatos do dia-a-dia.


O preço para estudar em CMPM sendo uma escola publica, vale a pena ?


Colégio Militar da Policia Militar do Amazonas, se mostra a cada dia mais difícil para os pais e alunos.
Uma iniciativa que foi criada na década de 1990, em 1994 mais precisamente,  para garantir  a educação escolar dos dependentes de Policiais Militares do Amazonas e em segundo plano, os jovens da Comunidade na qual a escola fosse instalada. A primeira escola foi instalada na Zona Sul de Manaus(PETROPOLIS), ao lado do Comando do Corpo de Bombeiros Militares do Amazonas, também atendidos pela iniciativa.

O Colégio Militar unidade 01 logrou diversos êxitos e por isso o modelo escolar foi levado a outros locais de Manaus.  Disciplina, conteúdo, custos baixos e  o ingressso em uma universidade publica (gratuita) , em um tempo em que o numero de candidatos era muito maior do que o numero de vagas oferecidas nas poucas faculdades amazonenses.(UA, CIESA, NILTON LINS).

Assim , depois da unidade 01, diversas outras foram criadas, como Cidade Nova, Parque São Pedro (Carbrás), Parque das Laranjeiras, Compensa, Nova cidade… São mais de 10 unidades.

Mas alguns pontos sempre foram nebulosamente driblados pelos gestores, sob o conhecimento da Secretaria de Educação do Estado, à qual os CMPM´s AM estão, pelo menos deveriam estar ligados.  Estando ligados à SEDUC as premissas do ensino público deveriam prevalecer sempre, entre elas a gratuidade. O que não ocorreu e não ocorre !

Com o reconhecido sucesso no ensino, foi inevitável o crescimento vertiginoso do CMPMAM. Os bons resultados não apenas no campo educacional-pedagógico criaram uma demanda social.  O CMPMAM deixou de ser uma alternativa apenas para famílias, e passou a ser a esperança de comunidades inteiras, como a antiga invasão da CARBRÁS, na Zona Oeste. O local mudou de nome para Parque São Pedro. Era extremamente violento e com a instalação da escola os índices de violência diminuíram e todas as crianças do bairro passaram a ter melhor desempenho escolar. As que estavam matriculadas para passar de ano. As que não estavam matriculadas, para poderem ingressar no ano seguinte.

Como dissemos antes, são mais  pontos positivos a expor do que negativos.
Mas mesmo com esse sucesso,  alguns dos objetivos iniciais foram deixados em segundo plano, em especial o acesso financeiro. Hoje, ter um filho no Colégio Militar da Policia Militar do Amazonas tão caro quanto tê-lo em uma escola particular. 

Esses problemas sempre existiram, mas a Associação de Pais e Mestres tinha pelo menos o direito de OPINAR, em busca de soluções, principalmente porque essas soluções saem 99% da vezes das economias das famílias. $$$$$$$.

Dessa forma os problemas (financeiros) foram sendo herculeamente vencidos  ou  evitados(tirando os filhos da escola).


VAGAS

Conhecer um oficial normalmente era suficiente para conseguir uma matrícula. Todo inicio de ano uma verdadeira “guerra” para rematrículas e novas matrículas. Milhares de pessoas em filas, esperas de dias…  Até saberem dos custos para o inicio das aulas.  Aí vinham as desistências e novas vagas sempre surgiam.

Uma tática bastante utilizada por quem sempre quis ou quer seu filho estudando no Colégio Militar da PM em Manaus era e é a de esperar a primeira semana de aula, quando as desistências, por causa dos ALTOS CUSTOS, surgiram e surgem.  As vagas apareceram assim, de uma hora pra outra e quem está preparado ganha um lugar.

O Especialista em Logística, empresário de iniciais M.R.L.C.A., por ter estudado no Colégio Militar do Exército, sonhou em matricular os três filhos no CMPMAM. Conseguiu as vagas em 2021 com ajuda de alguns amigos. Um filho em cada série. Mas surpreendeu-se com os gastos para o primeiro mês de aula, mais de R$ 12 mil, se quisesse atender a todas as exigências das listas, entre material escolar, material didático, fardamento e o tratamento como se fosse um soldado subalterno sem direito a opinar em nada (o pior de tudo).  Matriculou os filhos em uma escola pública. “Economizei pelo menos R$ 15 mil, não comprando materiais e fardamentos, de imediato. Era no mínimo R$ 5mil  pra cada um, fora o transporte diário e alimentação. Já tinha feito contato pra comprar o livros usados dos alunos que passaram de ano, quando recebemos a  ordem condicionante de ter que comprar todos os livros novos. Uma determinação sem sentido, vinda dos professores que tinham acesso a nós. Já iniciei a poupança para a faculdade do mais velho. Hoje tem vagas sobrando nas faculdades, não precisamos passar por esse tipo de situação“, relata.


Material escolar de uma escola pública

Nos últimos três anos, coincidência ou não, os CMPM´s passaram a ser vistos com outros olhos, principalmente pelas famílias que já tem filhos na escola. As exigências são cada vez maiores e os gastos , quadruplicados, são maiores do que em escolas particulares da cidade de Manaus.

A começar pelo material didático, que gira em torno de R$ 3 mil reais, que era reaproveitado ano a ano, ou seja, os pais compravam os livros usados por outros alunos nos anos anteriores e economizavam até 60%.  De uma hora pra outra a direção geral, de acordo com o que afirma a unidade da NOEL NUTELL´S, determinou que não seria mais admitido o reaproveitamento desses livros.

Ora !!!    Se a sociedade se mobiliza em diversos locais do mundo para o reaproveitamento de livros (literatura e didáticos), porque os CMPM´s  de Manaus determinam que livros usados sejam jogados fora ?   Se o CMPM  bloqueia definitivamente o reaproveitamento do material em perfeitas condições, obrigando TODOS os alunos a adquirirem livros novos, determinam sim que os já utilizados sejam encaminhados para a lixeira.  Um absurdo sem tamanho.

A mãe de um aluno matriculado na unidade CIDADE NOVA, confessa a dificuldade para manter o filho no Colégio Militar. “São tantas despesas, que as vezes fico quase sem alimentação em casa. Uma vez , em uma reunião eu falei isso e ouvi:  ´basta matricular no colégio publico, aqui é assim`, relatou a industriária. “É como se fosse um favor deles, ter nossos filhos como alunos. É mais fácil pagar uma faculdade particular do que passar por essa humilhação”, afirma.


Extra-Classe: Fardamento, reuniões, compras adicionais
Já não bastassem os problemas com material didático, o fardamento é um verdadeiro tormento para quem tem filho no Colégio Militar da Policia Militar do Amazonas. Independente da idade, as fardas tem que estar impecáveis. Para isso o investimento na lavagem , no material da lavagem e em quem passa as roupas é grande ! Se não for em dinheiro, é em tempo. O problema é que nem todas as crianças e adolescentes sabem fazer isso, ou seja, é preciso uma mãe, um pai, uma tia, uma babá, somente para as necessidades extra classe.

Praticamente toda semana tem reunião para informe, o que poderia ser feito por circular ou nos grupos de whats app que agregam os inscritos da APM(Associação de Pais de Mestres).  Quem trabalha tem que faltar para ir à escola, ou o filho não assiste aula. E como se não bastassem todas as exigências, existem os erros dentro da escola. Um clima pesado entre professores e gestores, que expõem as fragilidades do sistema. Alunos que passaram e que aparecem nas listas de recuperação…  E haja tempo, dias inteiros,  para resolver tais erros. “Fala com A, B, C, D.  As vezes os professores estão de férias, ou de folga. Não avisam e nós perdemos horas e horas pra resolver situações como essas”, relata o responsável por um aluno do 9º ano de iniciais PSS.

O fardamento bonito tem um alto preço.  Farda de aula 1(R$), Farda de aula 2(R$), farda de gala(R$), farda de educação física(R$). Todas as fardas precisam estar perfeitamente ajustadas, para isso, paga-se às costureiras(R$). As roupas precisam estar identificadas, para isso paga-se até 40 reais por nome bordado(R$). Insígnias(R$), abotoaduras(R$), cintos(R$), sapados(R$), Tênis(R$), boinas(R$), bonés(R$), Luvas(R$)… A lista é grande e o preços maiores ainda.  E normalmente não servem de um ano para outro, porque os alunos, nessas idades, crescem rapidamente. As vezes é preciso comprar tudo novamente no segundo semestre. E quase nada é reaproveitado no ano seguinte(R$). 


Maquetes, um mercado paralelo que custa caro (R$)
A construção de maquetes por exemplo, uma atividade comum nos CMPM´s, movimenta um mercado paralelo, com valores que vão de R$80,00 a R$200,00 por peça.  Para levar as maquetes para a escola, é preciso pagar por um veículo, somente para esse transporte(R$). Isso sem considerar a compra de isopor, cola, bonecos, papéis variados, tintas. Multiplicando esses valores, durante todo o ano, é possível imaginar o tamanho da dor de cabeça dos alunos e dos responsáveis.

O auxiliar de vendas José Roberto Gomes, mora no bairro Monte Sinái. Ele tem  26 anos  e estava desempregado em 2020 quando viu uma oportunidade de ganhar dinheiro quando  presenciou em uma lanchonete a preocupação de duas mães sobre a construção de duas maquetes  do centro de Manaus.  Ligado à arte dos desenhos, mesmo sem ter construído nenhuma maquete , ele se ofereceu para o serviço. Cobrou R$75,00 por cada uma dos trabalhos e a partir de então se profissionalizou. “Quando começam os trabalhos escolares no Colégio Militar eu chego do meu trabalho e vou pra construção das maquetes. Hoje devo atender uns 15 ou 16 pais que sempre me procuram. Se estivesse desempregado eu aceitaria mais encomendas ainda”, revela. “Deve ter aluno que faça maquete, mas é difícil. Acho que a maioria não consegue”, completou JRG.

 


Material escolar
Uma lista de tamanho considerável é entregue/enviada pela coordenação para os responsáveis. Como já exemplificamos, investimento alto, porem insuficiente.  Matricular ou rematricular um aluno só é possível com a entrega imediata de duas resmas de papel A4.  E a quantidade do papel  almaço é de arregalar os olhos. “Compramos uma lista imensa de coisas, tudo super caro porque eles não mandam a lista antecipadamente. E aí, praticamente toda semana, minha filha chega pedindo material. Mais papel, mais isso, mais aquilo. Tá muito difícil. Tudo mais caro e a escola realmente não está preocupada com a situação das famílias. Tem gente que pode, não é o meu caso. Só consigo com a ajuda de outras pessoas. Tem muitas famílias desempregadas”, desabafa a mãe R.S.C.B.. “No fim do ano eu olho os cadernos com um monte de paginas em branco e me pergunto. O que fazer com isso ?”, questiona.


 

Antítese nos objetivos, paradoxo nas ações !

Com todos os relatos acima, é fato que o Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas, não é mais voltado para as comunidades. Sendo assim, não contribuem para a diminuição das desigualdades sociais, desigualdades essas que geram a maioria dos problemas sociais, problemas esses  que exigem  a intervenção da Polícia Militar.   Seria razoável, em acordo com os objetivos iniciais, a disciplina para o aprendizado e o exercício do pensamento aristotélico , batizado de ISONOMIA:  “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”. Uma instituição de ensino não pode ignorar essa premissa e fazer de conta que todas as famílias, financeiramente falando, possuem as mesmas condições para atenderem todas exigências. Muitas famílias não têm essas condições e os conflitos intra-familiar existem por causa dessa problemática. 

Não se questiona os resultados. É a penas uma exposição de algumas situações pontuais para forçar a reflexão de quem deseja manter ou matricular o (a) filho(a) em um CMPM. Quem  já passa por tantas dificuldades econômicas, como vive para manter um aluno(filho) matriculado?  Vale a pena tendo tantas outras opções ?

Boas notas e doutrinação.
Junto com as boas notas e os conhecimentos para conquistar uma vaga em universidade publica, a maioria dos alunos traz consigo outro fator, o silencio.
Crianças e adolescentes que são doutrinadas a calar e a pedir autorização até pra beber água. Se desenvolvem com a dificuldade para tomar decisões,  porque têm medo de punições. Não praticam esportes em um mundo cada vez mais exigente quanto às atividades físicas.  É isso que estão aprendendo e assim estão crescendo.  Não é isso que a maioria dos pais almeja, mas sim jovens que tomem decisões responsáveis e assumam seus atos, com hábitos saudáveis.

A sociedade brasileira exige o curso superior? Sim.
Mas a oferta por esses cursos cresce cotidianamente. Dezenas de excelentes opções de Cursos Superiores com professores altamente preparados.   Faculdades em praticamente todas as Zonas de Manaus, a preços acessíveis e com diversos programas de bolsas de estudo, financiamentos, enfim, com vaga para todos que quiserem estudar no sistema particular do ensino superiora um preço menor do que o que se gasta nos CMPM´s.
Para quem vive com até quatro salários mínimos por mês, vale a pena o sacrifício e os altos custos nos CMPM´s ? Vale a pena todas as renúncias e “dores de cabeça?
O que esses jovens sentem ao ver, perceber, vivenciar tantas dificuldades para que eles estudes em um CMPM ?  Isso já foi levado em consideração ?

Que cada família um tire as próprias conclusões, usando a razão e não o coração.

Os caso são reais. Os nomes foram mantidos em sigilo, a pedido dos próprios personagens, pois como relatado, o confrontamento de idéias e pensamentos é inaceitável pelos professores e gestores.

 


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