Baptista Jr. confirma ao STF que Freire Gomes disse a Bolsonaro que poderia prendê-lo

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O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior prestou depoimento nesta quarta-feira (21) para a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O militar, ex-chefe da Aeronáutica na gestão de Jair Bolsonaro, foi ouvido na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.

Ao contrário do general Freire Gomes, comandante do Exército no governo de Jair Bolsonaro, que no depoimento de segunda-feira (19) tentou amenizar o tom acusatório que assumiu ao falar na Polícia Federal, Baptista Jr. não deixou dúvidas: o que estava sendo tramado era uma ruptura democrática.

Segundo o brigadeiro, em uma das reuniões, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio, levou um documento para ser lido. “Não lembro se era Estado de Defesa ou de Sítio. Mas não via motivo para nenhum deles”, relatou Baptista Jr. “O documento estava na mesa dentro de um plástico. Perguntei se o documento previa a não assunção do presidente. Ele disse que sim. Eu disse: ‘Não admito sequer receber esse documento’. Levantei e saí da sala”.

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O ex-ministro da Aeronáutica deixou claro qual era o seu limite. “Eu tinha ponto de corte. No dia 1º de janeiro toma posse o presidente que já tinha sido diplomado, era processo democrático”.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou: “Qual era a postura dos senhores quando essas medidas extraordinárias eram discutidas. No seu depoimento, Freire Gomes, disse que podia prender”.

Baptista Jr. foi firme: “Confirmo, sim senhor. Acompanhei o general Freire Gomes, polido, educado, ele não falou essa frase com agressividade, mas é isso que ele falou, com muita tranquilidade”

STF

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Jr. e o então presidente Jair Bolsonaro (Foto: Marcello Camargo/ Agência Brasil)

Leia outros pontos do depoimento de Baptista Jr.:

Sem fraude nas urnas

Baptista Jr.: “Diversas pessoas levaram teses de fraudes nas urnas. Eu mesmo no depoimento pedi que constasse no meu depoimento entre aspas as fraudes. Todas foram rechaçadas pela equipe de fiscalização das Forças Armadas”.

Supostos erros

“O presidente no dia 14 de novembro chamou o ministro da defesa e os comandantes, no salão norte, e entregou uma cópia do relatório do Instituto Voto Legal e disse que tinha sido programador antes de ser major e tinham vários erros no relatório”.

Pressão

Paulo Gonet: “Houve pressão de Bolsonaro para evitar a entrega do relatório das Forças Armadas?”
Baptista Jr.: “Sim senhor”.

Reunião

“Durante todo o período eleitoral, as Forças avaliam a conjuntura. Estávamos entendendo a sociadade, o povo rachado ao meio, sempre trabalhamos com hipótese de GLO, como previsto no artigo 142, por iniciativa de um dos Poderes. No primeiro período, na reunião do dia 1º, estava ministro Paulo Sérgio (Defesa), os três comandantes e o advogado-geral da União. Colocamos que não havia fraude. Bolsonaro perguntou ao Bruno se havia alguma outra decisão jurídica a se tomar e ele disse que não”.

“GLO” diferente

“Voltamos no dia 2 de novembro. (…) Ministro da Defesa e três comandantes, só. Presidente estava frustrado com o resultado, parecia deprimido com erisipela, e esse assunto de GLO começou a ser abordado nessas outras reuniões, mas o foco era entrega do relatório. Em determinado ponto, penso que foi a partir do dia 11, comecei a pessoalmente entender que GLO que estávamos abordando não era o que estávamos acostumados a ver.

O desconforto era meu, de Paulo Sergio e do general Freire Gomes”

“Não será presidente”

Baptista Jr.: “Falei com presidente Bolsonaro: ‘Aconteça o que acontecer, dia 1º de janeiro o senhor não será presidente’”.

Prisão de Moraes

Gonet: “Alguma vez se cogitou nas reuniões a prisão de autoridades públicas?
Bigadeiro: Sim senhor, do ministro Alexandre de Moraes”.

Garnier

“O Almirante Garnier não estava na mesma sintonia e postura do general Freire Gomes e minha” (…) “Em uma dessas reuniões eu lembro que ele disse que as tropas estariam à disposição do presidente”.

Mantém a palavra

Baptista Jr.: “O comandante do Exército é muito polido, muito tranquilo, mas muito firme quando precisa. Vi a repercussão do que ele disse. Não é uma coisa simples, não é uma coisa que se esquece (o aviso da prisão). Eu mantenho a minha palavra, com toda a educação, ele disse poderia chegar a prendê-lo (referindo-se a Bolsonaro)”.

Intenção por trás do plano

Fux pergunta sobre a ordem de prisão e Baptista Jr. responde: “Em momento de algum. O presidente não colocou dessa forma, que estava objetivando um golpe de Estado, mas começamos a imaginar que objetivos políticos de medida de exceção não eram para garantir a paz social até 1º de janeiro. Foi nesse contexto que general Freire Gomes colocou a questão da prisão. No âmbito dessa discussão”.

“Melancia”

“Todo dia eu tenho ataque no meu twitter me chamando de melancia. Tive que fechar meu twitter”.





Fonte: ICL Notícias

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