O amazonense Irmeson Oliveira, o Jungle Boy, 32, lutador de MMA há mais de 10 anos, se sagrou campeão de um dos eventos mais respeitados da modalidade no Brasil, o Katana Fight, que aconteceu na noite do último sábado (4/5) no Centro de Convenções Expotrade, em Pinhais, na grande Curitiba, Paraná. A vitória veio após ele finalizar seu oponente, Marcos Dal Jovem, com um mata-leão ainda no primeiro round. “Ele é bom de trocação, mas sabia que ele pecava no chão. Foi aí que aproveitei e usei o jiu-jitsu, minha primeira arte marcial, e fui feliz” comentou o campeão do Peso Galo.
O campeão lembra que estava com mais de 60 dias se preparando para o combate, mas que teve uma lesão no joelho, o que lhe deixou preocupado, porém, com muito treino, cumpriu o seu dever. “Eu tive dois meses de preparação para o Katana Fight, que é um dos melhores do país, mas eu machuquei o joelho nos últimos 15 dias de antecedia a competição e fiquei um pouco tenso, achei que isso pudesse comprometer a minha performance. Mas fui estratégico e coloquei meu ritmo na luta. Consegui finalizá-lo ainda nos quatro minutos do primeiro round, o que me deixou feliz e com sensação de dever cumprido” disse ele.
O menino da selva é mais um desses lutadores que sonhou alto e que precisou ariscar para viver do esporte que ama. Ex-morador do Bairro do Alvorada 3 em Manaus, mesmo bairro de onde saiu o campeão dos Peso-Pena do UFC, José Aldo Junior, ele lembra carinhosamente do seu primeiro chamado para a luta, um convite inesperado durante seu trabalho de flanelinha, em uma madrugada.
“Eu me lembro como se fosse hoje, era umas quatro horas da madrugada. Meu irmão e eu reparávamos carros numa churrascaria. Bem próximo havia uma danceteria, acabávamos fazendo esse trabalho lá também até um pouco mais tarde nas sextas-feiras. Um rapaz saiu de lá e conversou com a gente, o nome dele é Cristiano Carioca. Ele passou a mão na nossa cabeça e convidou a gente para treinar jiu-jitsu na academia dele e já deixou o endereço. Ficamos ansiosos e às 10h da manhã daquele sábado, chegamos lá. Ele nos deu um kimono e a partir de então começou a nossa vida na arte suave” lembrou Oliveira que considera o esporte uma transformação de vida.
“Nós tínhamos entre 10 e 12 anos cada, trabalhávamos para ajudar nossos pais com os custos de casa. O Jiu-jitsu foi a nossa oportunidade de mudança de vida. Meu irmão ministra aulas da modalidade atualmente nos Estados Unidos e eu migrei para as artes mistas, porém, o jiu-jitsu é a minha base forte. As oportunidades eram bem escassas naquela época, mas nós abraçamos o esporte, levamos ele a sério. Ele nos deu disciplina, conhecimento e mais que tudo, força para vencer sempre, afinal, esporte é uma ferramenta de transformação” destacou.
Com um card de 14 vitórias e seis derrotas, o lutador reside atualmente em Curitiba, lugar que ele escolheu para crescer no esporte, formar família e morar. “Quando eu vi para Curitiba, eu estava sedento de conhecimento, queria mais do MMA. Eu queria saber mais e aproveitar as oportunidades. Estou muito Feliz aqui, com a Academia Evolução Thay MMA que me recebeu muito bem e por onde conquistei grandes títulos como o Iron Fight e o Golden Fight” ressaltou e frisou sobre sua ida pra Rússia. “ Por aqui recebei inúmeras chances, inclusive fui para o Leste Europe, na Rússia e lutei eventos internacionais como o Absolute Championship Berkut (ACB) e o Anglo Russian Culture Club (ARCC)” concluiu Irmeson.
Mesmo com o título, o atleta não descansa e já retornou aos treinos. “Atleta tem que estar sempre preparado. Por isso eu já comecei a treinar novamente, na espera de qualquer desafio” finalizou.