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Algumas histórias da maior cidade do Norte do Brasil. Os lupanares, prostíbulos ou casas de tolerância de Manaus!

Nos anos 1960, quando Manaus era uma cidade provinciana, com população não superior a 176.000 habitantes, os rendez-vous – alcunhados pela imprensa baré de lupanares – e puteiros – assim vulgarmente denominados por seus frequentadores – reinaram absolutos como locais de aventuras e prazer.

O apogeu dos puteiros, que também eram conhecidos como antros de prostituição ou antros de licenciosidade, deu-se exatamente naquela década e tiveram o seu fim decretado em meados da década de setenta.

O vocábulo rendez-vous significa bordéis abertos e eram assim chamados pelos franceses porque sua prática ocorria no início das tardes. Depois passou a se caracterizar como bordel, já que as prostitutas não moravam no local do trabalho.

O primeiro puteiro de Manaus foi o Bom Futuro, que em meados da década de cinquenta deixou de ser um “banho” familiar. Ficava à beira do igarapé que ainda hoje banha o Clube Municipal, na margem direita da Estrada Torquato Tapajós, onde hoje funciona a Frigelo.

O “Lá-Hoje”, que se localizava exatamente onde hoje está instalada a horrorosa Estação Rodoviária de Manaus, era tido como discreto e melhor frequentado. “Era um casarão enorme, em formato circular, afastado da estrada, com pista de danças […]. Nos fundos do terreno, que era grande, havia uma série de quartos destinados aos casais que desejassem folgar mais aconchegadamente. Ambiente de respeito e muito tranquilo”.

“[…] na Rua João Coelho, atual Avenida Torquato Tapajós, o puteiro “Verônica”, localizado onde hoje é o Shopping Millenium, […], localizado à margem direita do igarapé da Ponte dos Bilhares; o “Ângelus”, localizado na esquina de um pequeno ramal em frente do Hospício, onde hoje fica a IMESA, com a Rua João Alfredo, hoje Djalma Batista; o “Iracema”, que existia na rua ao lado da atual loja Solimões Veículos, também em Flores, o “Piscina Club”, que se situava num pequeno ramal atrás do atual Posto 5; o “Mon Petit”, que sucedeu o “Ângelus”, em frente à atual fábrica da Philips, na Avenida Torquato Tapajós; o “Bataclan”, um pouco mais acima; o “Rosa de Maio”, no ramal localizado após a entrada da cidade nova, onde na entrada temos o atual Motel Detalhes e, por fim, um dos mais antigos, o “Forquilha”, que se situava na atual rua que leva ao Aeroporto Eduardo Gomes. Para a zona leste, no que é hoje a Avenida Cosme Ferreira existia o “Bafo de onça”, onde funciona atualmente o Colégio Santana; o “Furna da onça”, um pouco mais adiante. Para o lado do Rio Negro existia, dentro da Cidade Flutuante, o “Cai N’água” e na zona oeste, na estrada da Ponta Negra, o “Mansão das Brumas”.

Na década de 1960, os rendez-vous situados na zona urbana de Manaus eram: Cabaré do Almeida, que se localizava no bairro do Morro da Liberdade; o Cabaré do Carroceiro, no Beco Boa Sorte e a Buate Fortaleza, no Bairro do Educandos. No centro da cidade ficavam: a Buate Odeon; os rendez-vous do Déde, Carolina e da Elisa, na Rua Frei José dos Inocentes; o rendez-vous da Rosimeire, na Rua Saldanha Marinho e a Pensão Royal, na Joaquim Sarmento. Nem todos possuíam quartos para a prática do sexo pago, serviam apenas de ponto de encontro.

A maioria dos puteiros localizados fora da zona urbana de Manaus ficavam às margens de algum igarapé. No local era regra que se fizesse um cerco de madeira, com direito a escada, a qual começava às margens e terminava na areia do fundo do igarapé. Curiosamente o Lá Hoje, o mais “refinado” dos puteiros, ficava localizado em terreno onde não passava nenhum igarapé.

Era comum o uso de trocadilhos entre os “putanheiros”, especialmente se na ocasião tivesse a presença de alguém que não era do “ramo”: “vais lá hoje? “; “está na hora do Ângelus”.

Havia ainda a figura do xodó, que era a relação que nascia dentro do puteiro quando a prostituta de engraçava de um cliente. Esse “passava a ser “propriedade” dela e, dessa forma, quando ele entrava no recinto, as outras prostitutas, na grande maioria das vezes, respeitavam essa posse e não mexiam ou davam confiança diante da “proprietária””. O xodó tinha a sua preferência na relação sexual. Este, por sua vez, a bancava parcial ou integralmente, ou era generoso na hora do pagamento.

“A transição ocorrida entre a segunda metade da década de 1970, entre esse tipo de bordel e o motel, se interpenetrando no espaço e no tempo, ocorreu claramente em Manaus com dois estabelecimentos – Selvagem e Saramandaia –, que assumiam um perfil misto, de lupanar, boate e dancing, sendo frequentados por uma nova geração que procurava outro tipo de prostituição, com características diversas daquelas anteriores”. Esses estabelecimentos se localizavam ao lado de onde é hoje o Colégio Denizard Rivail, na Estrada Torquato Tapajós.

Ainda na década de 1970 surgiram os puteiros da Chica Bobó, localizado na Compensa e o da Chica Pacu, na Avenida Brasil, ambos na zona oeste.

O primeiro dos puteiros mais tradicionais a encerrar suas atividades foi o Ângelus, em 1965 e o último a cerrar as suas portas foi o Lá Hoje, em 1974.

A mudança da sociedade de Manaus com a ruptura de valores mais conservadores, o modo de pensar o sexo – especialmente por parte das mulheres -, a proliferação dos motéis, o progresso com a chegada da Zona Franca ou o envelhecimento dos putanheiros, talvez sejam fatores que tenham concorrido para o fim dos puteiros, talvez.

Bem, esse é só um aperitivo sobre os lupanares e puteiros que existiram na cidade de Manaus na década de sessenta até meados da década de 1970.

As informações aqui prestadas tiveram como referência, inclusive com transcrições de trechos inteiros ou parciais, a dissertação de Raimundo Alves Pereira Filho, “Lupanares e Puteiros” – os últimos suspiros dos rendez-vous na sociedade manauara (1959/1969).

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