O ‘Janeiro Branco’ é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde mental, enfatizando a importância do equilíbrio emocional em todas as esferas da vida, incluindo o ambiente de trabalho. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui a maior taxa de pessoas ansiosas no mundo, com 9,3% da população diagnosticada com transtornos de ansiedade. Além disso, a depressão afeta 5,8% dos brasileiros, colocando o país entre os líderes mundiais nesse transtorno.
No ambiente de trabalho, essas condições de saúde têm levado a um aumento significativo nos afastamentos. Dados do Ministério da Previdência Social indicam que, em 2023, foram concedidos 288.865 benefícios por incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais, representando um aumento de 38% em relação a 2022.
A psicóloga Gleycinara Maciel afirma que a saúde mental é fundamental para o adequado desempenho profissional, por isso as empresas precisam estar sempre atentas ao bem-estar dos colaboradores. Ela é docente da disciplina ‘competências no trabalho’ para os cursos técnicos dos eixos de saúde, gestão e negócios do Centro de Ensino Técnico (Centec) em Manaus.
“Colaboradores que enfrentam transtornos como ansiedade e depressão tendem a apresentar queda na produtividade, aumento do absenteísmo e dificuldades de relacionamento interpessoal. É imprescindível que as empresas reconheçam essa realidade e adotem medidas de apoio e prevenção”, orienta.
Bem-estar
Segundo a especialista, há uma série de possibilidades para a promoção da saúde mental no trabalho, tanto para empresas menores como para aquelas com muitos funcionários. A criação de uma cultura organizacional que valoriza o diálogo e preza pelo cuidado com a saúde mental é uma das opções mais acessíveis a todas as companhias.
“A própria adesão às campanhas de saúde mental, como Janeiro Branco e Setembro Amarelo, são maneiras acessíveis e efetivas de promover o debate junto aos colaboradores. Outras ações de sensibilização podem incluir palestras e workshops internos para incentivar o autocuidado e a busca por ajuda profissional, se necessário”, comenta.
Um estudo da plataforma corporativa Gympass revelou que 85% dos líderes de RH acreditam que programas de bem-estar reduzem custos de atração e retenção de talentos, além de aumentar o engajamento das equipes. O mesmo percentual de entrevistados também observou menor número de afastamentos e licenças médicas após investimentos em bem-estar para colaboradores. A pesquisa ouviu 2 mil líderes em nove países, incluindo o Brasil.
“As organizações devem considerar como uma de suas prioridades o investimento em programas de bem-estar, a oferta de suporte psicológico, promoção de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, bem como capacitação de líderes para identificar sinais de sofrimento mental entre os colaboradores”, sugere.
Sinais
Dentre os sinais que devem ser observados pelas lideranças, estão queda na produtividade, aumento de faltas, mudanças no comportamento, dificuldade de concentração, isolamento social, irritabilidade e desmotivação. Esses indícios podem apontar para ansiedade ou depressão, exigindo atenção e suporte adequado.
“É fundamental evitar julgamentos em relação aos colaboradores com com qualquer transtorno mental ou comportamental. Em vez disso, devemos criar um ambiente acolhedor, oferecer apoio e incentivá-los a buscar ajuda profissional. Empatia e compreensão são passos essenciais para promover a saúde mental no trabalho”, destaca a psicóloga e professora.
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