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No julgamento de Trump, promotores dizem que violações da ordem de silêncio podem levar a multa e prisão

NOVA YORK (Reuters) – Promotores de Nova York pediram nesta segunda-feira a um juiz, no início do julgamento do processo criminal de Donald Trump sobre suborno, que o multasse e o lembrasse de que ele poderia ir para a cadeia por violar uma ordem de silêncio que o impede de interferir com possíveis testemunhas.

O juiz Juan Merchan marcou para 24 de abril uma audiência sobre o pedido de multas e deu aos advogados de Trump até a próxima sexta-feira para apresentarem uma resposta por escrito.

O julgamento, o primeiro de um ex-presidente dos EUA, decorre de um pagamento de suborno em 2016 à estrela pornô Stormy Daniels. Com Trump sentado à mesa da defesa, os promotores citaram seus anos de críticas a testemunhas, funcionários do tribunal e outros.

Os promotores pediram ao juiz que multasse Trump em 1.000 dólares por cada uma das três publicações nas mídias sociais feitas este mês sobre Daniels e o ex-conselheiro e advogado de Trump Michael Cohen.

“O réu demonstrou sua disposição de desrespeitar a ordem. Ele atacou as testemunhas do caso e, no passado, atacou os jurados do caso”, disse o promotor Christopher Conroy.

De acordo com a ordem de silêncio de Merchan, Trump está impedido de fazer declarações públicas sobre as testemunhas em relação a seus possíveis depoimentos e sobre os promotores, funcionários do tribunal e seus familiares se as declarações tiverem o objetivo de interferir no caso.

O advogado de Trump Todd Blanche disse que Trump não violou a ordem de silêncio porque ele estava respondendo às declarações públicas das testemunhas.

“As duas testemunhas têm falado sobre seus depoimentos neste caso, sobre a reeleição em curso do presidente Trump e, de modo geral, estão constantemente depreciando o presidente Trump”, disse Blanche.

O procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, um democrata, acusou Trump de falsificar registros para encobrir um pagamento de 130.000 dólares feito por seu então advogado Michael Cohen a Daniels nos últimos dias da campanha presidencial de 2016 para comprar o silêncio dela sobre um encontro sexual em 2006 que ela disse ter tido com ele.

Trump tem negado qualquer relacionamento desse tipo. No ano passado, ele se declarou inocente das 34 acusações de falsificação de registros comerciais no processo. Uma condenação não impediria Trump de concorrer ou assumir um cargo.

“Isso é perseguição política”, disse Trump, de 77 anos, antes de entrar no tribunal, acompanhado de seus advogados e vestindo seu terno azul e gravata vermelha característicos.

Ele é obrigado a comparecer ao julgamento, que deve durar até maio. A seleção do júri deve durar cerca de uma semana, seguida pelo depoimento de testemunhas.

A polícia ficou de guarda em frente ao tribunal, em meio a um labirinto de barricadas, e helicópteros acompanharam o cortejo de SUVs pretos que transportaram Trump de seu apartamento na Trump Tower.

A falsificação de registros comerciais em Nova York é um crime punível com até quatro anos de prisão, embora muitos dos culpados tenham sido condenados a multas ou liberdade condicional.

Embora o caso seja considerado por alguns especialistas jurídicos como o menos influente dos quatro processos criminais que Trump enfrenta, esse é o único que tem a garantia até o momento de ir a julgamento antes da eleição de 5 de novembro. Além disso, de acordo com uma pesquisa da Reuters/Ipsos, metade dos eleitores independentes e um em cada quatro republicanos dizem que não votariam em Trump se ele fosse condenado por um crime.

Cohen testemunhou que fez os pagamentos para comprar o silêncio de Daniels antes da eleição de 2016, na qual Trump derrotou a democrata Hillary Clinton. Em 2018, Cohen se declarou culpado de violar a lei de financiamento de campanha, embora os promotores federais que apresentaram esse caso não tenham acusado Trump.

Trump chamou Cohen de “mentiroso em série” e espera-se que seus advogados ataquem sua credibilidade no julgamento.

Trump possui outros três processos criminais atolados em disputas legais. Dois dos outros casos dizem respeito às suas tentativas de reverter a derrota na eleição de 2020 e um envolve a retenção de documentos confidenciais após deixar o cargo em 2021.

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