Para a categoria dos músicos, a realização do festival é uma oportunidade de renda extra
Um aspecto quase escondido das apresentações dos grupos folclóricos da Categoria Ouro do 56º Festival Folclórico do Amazonas é motivo de comemoração para a classe musical. A grande maioria das atrações da mostra competitiva do festival se apresenta na arena do Centro Cultural dos Povos da Amazônia ao som de música ao vivo, com bandas executando as músicas que servem de base para as performances dos grupos folclóricos.
O diferencial é que as bandas se apresentam na condição de coadjuvantes, muitas vezes passado despercebidas, posicionadas no palco ao fundo da arena e, não raramente, escondidas por alegorias utilizadas pelas agremiações folclóricas. As estrelas das apresentações são as quadrilhas, cirandas, cangaços, tribos, danças afros, garrotes e afins.
Vocalista Hans Muller da banda Us Tops do São João, montada exclusivamente para tocar em quadrilhas juninas, acompanha vários grupos folclóricos durante a temporada. “Por enquanto, a gente só toca no São João, acompanhando as quadrilhas”, afirma, deixando crer que a banda pode alçar voos fora do período folclórico.
Nem todas as bandas que se apresentam durante o Festival Folclórico do Amazonas, contudo, foram criadas exclusivamente para acompanhar as apresentações dos grupos folclóricos. A banda Só No Miudin, por exemplo, toca forró pé de serra em bares e casas noturnas da cidade, além de se apresentar com os grupos folclóricos.
“Na verdade, é uma banda que toca de tudo um pouco em vários lugares, só que nos meses de junho e julho a gente se junta para fazer os arraiais, com todas as quadrilhas e cangaços”, explica Flávio Lobato, o “Flavinho Sanfoneiro”.
‘No sangue’
Se engana quem pensa que o fato de não serem as atrações principais se torna motivo de tristeza ou qualquer ressentimento por parte das bandas. Ao contrário, o fato de serem coadjuvantes para a realização de um objetivo maior é causa de muito orgulho e emoção.
“Para te falar a verdade, a gente se sente muito feliz porque a situação não é a gente ser a atração principal, é a questão do arraial. Está no sangue. Corre na veia: festival, cangaço, boi, ciranda. Então, é gratificante essa situação de a gente tocar e ver o pessoal dançando, ver o pessoal feliz”, afirma “Flavinho Sanfoneiro”.
Estreante na arte de se apresentar durante a performance das quadrilhas, a vocalista Lucinha Silva se emocionou bastante com a nova experiência. “Este ano é a primeira vez que estou participando. Estou muito feliz. É muito emocionante. Fiquei arrepiada. Na hora que eu estava cantando, fiquei com falta de ar, fiquei desesperada, fiquei nervosa, subiu algo em mim pela emoção de estar cantando aqui com essa quadrilha hoje, com esse público maravilhoso”, descreveu a vocalista.
‘Primeira parcela do décimo’
Líder da banda Forró Storizin, Alexandre Soares, o “Xandinho do Forró”, foi brincante de quadrilha durante 15 anos e saiu da dança folclórica para viver de música. “É um misto de emoções. Hoje em dia realizo o sonho de representar minha quadrilha junto com minha banda, que são as duas coisas que eu mais gosto”, diz.
Além da grande emoção, “Xandinho do Forró” ressalta o retorno financeiro, tocando para os grupos folclóricos. “A gente fala que o São João é nossa primeira parcela do 13º. Então, a gente aproveita. Porque, depois do São João, é um pouco mais devagar”, diz.
O Festival Folclórico do Amazonas, Categoria Ouro, é realizado pelo Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Para o secretário de Cultura, Marcos Apolo Muniz, incentivar a economia da cultura é um dos principais legados do festival.
“O governo do Amazonas continuará trabalhando, incentivando a economia da cultura acima de tudo, valorizando os artistas, valorizando essa cultura tão tradicional no nosso estado, a cultura popular. Certamente, desta forma, a gente fortalece esse trabalho e prospecta festivais ainda maiores, fazendo essa economia ainda mais fortalecida”, diz o secretário.
FOTOS: Arthur Castro/Secom
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