O edital em questão é o Prêmio Thiago de Mello – Novos Talentos, que aprovou um projeto de um artista veterano, com mais de 20 anos de carreira, segundo os artistas que protocolaram um documento com a assinatura de 22 trabalhadores da arte apontando falhas na execução do edital
A presidente em exercício da Secretaria Municipal de Cultura (Manauscult), Oreni Braga, informou aos artistas independentes que protocolaram um documento no órgão, na última segunda-feira (13/02), que seria feita uma verificação de todos os problemas apontados pelos artistas que fizeram a denúncia
O documento contesta várias falhas na execução do edital e é assinado por 22 artistas independentes das áreas de dança e teatro.Dentre as irregularidades apontadas pelos artistas, a Curadoria do evento e a equipe técnica da Manauscult deixaram passar um projeto, sem, de fato, verificarem as normas do edital.
Com isso, permitiram a participação de um artista com mais de 20 anos de carreira e que possui contrato com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), para ser professor de dança, sendo que o edital estabelece que o evento é para “novos talentos”, que tenham carreiras em início de construção e não carreiras já consolidadas no mercado da dança.
O artista e gestor cultural Francisco Rider disse que a não-observância das regras do edital prejudica os novos talentos de fato que trabalham sem nenhum tipo de apoio.
“A categoria Novos Talentos foi pensada para artistas em início de carreira, independente da faixa etária. Portanto, para alguém que queira produzir e desenvolver uma ideia na prática. Assim, o edital é claro ao contemplar artistas com um ano de produção. Dessa forma, nós não estamos de maneira nenhuma colocando em evidência a competência do docente da UEA contemplado, mas questionando o motivo dele ter sido classificado para Novos Talentos, pois esse professor já atua na área há mais de 20 anos. Outra questão, se esse docente tem um projeto de extensão de companhia de dança na UEA, com 37 bailarinos, por que os mesmos não são preparados para o mundo das artes na escrita de projetos? Por que algum desses bailarinos dessa companhia não inscreveu um projeto? Precisa ser tutelado por um professor? Por que não alimentar no aluno asas cognitivas, autonomia? Por fim, a UEA tem agências que podem fomentar projetos de extensão como Fapeam, Capes e CNPQ”, esclareceu Rider.
Os artistas que assinam o documento são: Leo Scantbelruy, Francisco Rider, Fran Martins, Jayne Kira, Elizete Tuirima Ribeiro
Dominique Jaci, Tayná Ferreira Batista, Mara Pacheco, Márcia Antonelli, Karol Medeiros, Lena Wild, Dayo Nascimento, Isabela Catão, Patrícia Vaz Borges, Agenor Vasconcelos, Magno Fre’sil, Michelle Andrews, Veridiana Tonelli, Alonso Junior, Ana Carolina da Silva Souza, Ian Arlles e Regina de Benguela.
O ator é fotógrafo Leo Scantbelruy, disse que, após o documento ter sido protocolado, os artistas foram recebidos pela presidente em exercício da Manauscult, Oreni Braga.
“Alguns artistas autônomos, eu (Leo Scantbelruy), Francisco Rider, Elizete Tikuna e Dominique Jaci, que ajudaram a compor uma carta para os avaliadores e curadores do Edital Prêmio Thiago de Mello Novos Talentos, fomos ouvidos pela senhora Oreni Braga, que nos ouviu e se dispôs a reavaliar e repassar para a comissão toda essa questão. Ela também disse que iria responder formalmente nossa carta. Então, nós estamos aguardando esse retorno”.
Mais reivindicações
No mesmo dia em que os artistas autônomos protocolaram o documento na Manauscult, outro grupo de artistas fizeram manifestação em frente à sede do órgão, que, atualmente, ocupa o Café-Teatro (avenida 7 de Setembro, Centro), que servia de espaço para apresentações artísticas, exposições de artes visuais e outras atividades culturais.