Trump agora diz que não tem planos de demitir Jerome Powell

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Depois de dizer publicamente que demitiria o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense), Jerome Powell, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou atrás e disse na terça-feira (22), em conversa com jornalistas, que não tem planos de demiti-lo. Porém, afirmou que quer as taxas de juros mais baixas.

“Não tenho intenção de demiti-lo”, disse Trump aos jornalistas no Salão Oval da Casa Branca. “Gostaria que ele fosse um pouco mais ativo em termos de sua ideia de reduzir as taxas de juros”, disse.

A taxa de juros de referência do banco central está na faixa entre 4,25% e 4,50% desde dezembro, após vários cortes no final do ano passado. Trump e sua equipe têm pressionado para que o Fed retome os cortes, barateando o custo do crédito nos Estados Unidos. No entanto, a guerra tarifária criada por Trump tem trazido muito instabilidade, dificultando o horizonte para o Fed.

Na segunda-feira (21), Trump disse que economia dos Estados Unidos pode passar por uma desaceleração se a taxa de juros não for reduzida imediatamente, elegendo Powell como bode expiatório da situação que ele mesmo, Trump, criou para os EUA e o restante do mundo.

“Com esses custos tendendo tão bem para baixo, exatamente o que eu previ que eles fariam, quase não pode haver inflação, mas pode haver uma DESACELERAÇÃO da economia, a menos que o Sr. Too Late [tarde demais, em tradução literal], um grande perdedor, reduza as taxas de juros, AGORA”, escreveu na Truth Social.

Os mercados globais reagiram fortemente às declarações na segunda-feira. O Dow Jones caiu 2,48%, para 38.170,41 pontos; o S&P 500 perdeu 2,36%, para 5.158,20 pontos; e o Nasdaq Composite recuou 2,55%, para 15.870,90 pontos.

Desde que os mercados globais começaram a balançar e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA a despencar, Trump tem feito várias críticas ao presidente do Fed.

Na sexta-feira, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, chegou a dizer que o desligamento de Powell está sendo estudado pela equipe do republicano.

Ao mirar Jerome Powell, Trump arma bomba relógio para a economia global

Para piorar o quadro, em seu relatório mais recente, divulgado durante os encontros de primavera em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou para baixo suas expectativas de crescimento para a economia global para 2025 e 2026 — um reflexo direto do “tarifaço” imposto pelo presidente dos EUA.

Segundo o FMI, a economia mundial deve crescer 2,8% em 2025 e 3,0% em 2026, números que ficaram abaixo dos 3,3% projetados anteriormente para ambos os anos. Além disso, esses resultados representam um desempenho aquém da média histórica de 3,7% ao ano registrada entre 2000 e 2019.

Os principais afetados por essa revisão foram os próprios Estados Unidos, além de seus parceiros comerciais mais próximos: China, México e Canadá. O Brasil, por outro lado, saiu praticamente ileso dessa reavaliação.

O imbróglio todo piorou quando Powell criticou os riscos da guerra comercial de Trump, principalmente contra a China, para a condução da política monetária.

Diante das ameaças de Trump, Powell já afirmou que ficará até o fim de seu mandato, em maio de 2026. Demiti-lo, como quer Trump, não é tarefa fácil e geraria uma instabilidade sem precedentes na economia global.

O Fed é uma instituição sólida e independente. Nesse caso, a demissão só é possível se o presidente da autoridade monetária incorrer em erro muito grave.

Estragos

Apesar do recuo de Trump, a ameaça de demitir Powell já tem causado estragos, como a desvalorização do dólar e dos títulos norte-americanos.

Desde que deu início à guerra tarifária, o que se tem observado é uma onda de venda e desvalorização dos títulos do Tesouro.

Esses papéis são considerados os mais seguros do mundo, um patrimônio que tem tido sua confiabilidade destruída pelas barbeiragens de Trump.

São usados, por exemplo, por outros países como reservas cambiais, por fundos e bancos como refúgio. Os T-Bonds são considerados tão seguros, que não têm sequer hedge, ou seja, proteção por risco de perda, o que custaria caro demais.

Com a desvalorização desses países, os EUA podem ter dificuldades lá na frente de financiarem sua enorme dívida pública, hoje na casa dos US$ 36,56 trilhões.

Caso isso aconteça, as consequências são até mesmo difíceis de mensurar, tamanho o desastre global.

 





Fonte: ICL Notícias

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