Selic a 14,75% é uma pressão vinda do mercado financeiro

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O aumento da taxa básica de juros, a Selic, na última quarta-feira (7), colocou o indicador no maior patamar dos últimos 19 anos com uma inflação que permanece na casa do um dígito. Para a economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, “a Selic tão alta é uma pressão vinda do mercado financeiro”.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, de 14,25% para 14,75%. O comunicado divulgado com a decisão não deixa claro quais serão os próximos passos do colegiado. Mas alguns agentes fizeram uma leitura de que o Copom pode parar de subir os juros.

O aumento da Selic colocou o Brasil no terceiro lugar do ranking de maior juro real do mundo, com uma taxa de 8,65% (quando descontada a inflação, entre outros fatores), atrás apenas da Turquia (10,47%) e da Rússia (9,17%). E isso é ruim para todo mundo: para as empresas, pois encarece os investimentos; para o brasileiro, que tem mais dificuldade de conseguir crédito e pagar dívidas, por exemplo; e para o governo, pois aumenta os juros da dívida pública. Acertou quem disse que juros altos são bons somente para o mercado financeiro.

“Essa pressão [pela alta da Selic] vem dos mesmos agentes que negociam os juros futuros e que são os mesmos que respondem ao Boletim Focus [do Banco Central] com a justificativa de que aqui a gente tem uma inflação muito elevada, com projeção de inflação mais alta, acima da meta, e que a taxa de juros ajudaria a trazer isso para mais para perto do teto da meta”, disse Deborah na edição de quinta-feira (8) do ICL Mercado e Investimentos.

A propósito do Boletim Focus, na última edição do documento, publicado na última segunda-feira (5), a mediana dos analistas consultados mostra recuo de 15% para 14,75% ao ano na expectativa para a taxa Selic no fim de 2025.

A taxa Selic é o instrumento usado pelo Banco Central para fazer a meta de inflação convergir para a meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O centro da meta deste ano é de 3%, podendo oscilar na banda entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

A mediana das projeções dos mesmos analistas preveem que a inflação deste ano vai encerrar em 5,53%, ou seja, acima do teto da meta, mas nada que justifique uma taxa Selic em 14,75%.

Para efeito de comparação, a Turquia tem uma taxa de juros de 46% ao ano e a inflação do país fechou março em 38,10%.

A Selic e o risco fiscal

Deborah lembrou ainda de outro argumento usado pelo mercado e pela grande imprensa para pressionar a trajetória altista da Selic: o risco fiscal.

“Existem gastos que são uma forma de estimular a economia, o papel do Estado como condutor [do crescimento econômico]. Aí parece que o mercado que os veículos hegemônicos de comunicação veem tudo como gasto, começam a falar que a trajetória da dívida está explosiva e, quando analisamos os dados – gastos, trajetória de receita -, não vemos nada muito preocupante”, explicou.

“O Banco Central acaba cedendo a essa pressão. Quando a gente vê o comunicado do Copom, a gente vê isso com bastante clareza – parece que ele está respondendo ao Focus”, completou.

Assista ao comentário completo de Deborah Magagna no vídeo abaixo:





Fonte: ICL Notícias

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