A instabilidade no ciclo hidrológico do rio Negro voltou a ser percebida nesta terça-feira (5), quando o nível das águas subiu um centímetro, atingindo novamente a cota de 12,18 metros.
Na segunda-feira (4), o rio Negro recuou para 12,17 metros após três dias de estabilização. O Negro está passando pelo repiquete, um fenômeno em que o nível das águas para de descer, sobe por alguns dias e depois volta a baixar gradualmente.
Para especialista ouvido pelo RealTime1, é impossível confirmar o fim do repiquete, embora haja indicativos de que o processo de enchente possa iniciar em breve, especialmente com a elevação do rio Solimões na região de Tabatinga.
“Acho precipitada a afirmação de que a vazante chegou ao fim, pois as bacias hidrográficas são distintas, e a do rio Negro possui afluentes que podem estar influenciando o que está acontecendo”, avalia Alexandre Rocha, professor e pesquisador independente sobre o movimento do rio Amazonas.
“Diante das instabilidades apresentadas até agora, penso ser prudente esperar uns 15 dias para confirmar se o processo de enchente começou ou se ainda teremos movimentos inconstantes de subida e descida nesse período”, complementa o especialista.
Alexandre Rocha ainda destaca o caráter singular, mas já registrado pela ciência, do atual ciclo de vazante e cheia dos rios da bacia Amazônica.
“Tanto o rio Negro quanto os demais rios da bacia Amazônica estão passando pelo que o pesquisador Luiz Carlos Molion identificou como um processo cíclico, que se repete a cada 60 anos. E essa é uma informação valiosa para aqueles que têm acesso aos registros históricos, especialmente para as autoridades programarem suas políticas de mitigação dos impactos desses processos naturais”, ressaltou Alexandre Rocha.
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