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Prefeitura inicia atividades do ‘Janeiro Roxo’ na próxima segunda-feira, 3/1

Com uma meta de realizar 42.690 exames de pele para a detecção de hanseníase durante o ano de 2021 na capital, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), já contabiliza 51.567 exames, chegando ao diagnóstico de 100 novos casos da doença.

Para manter a ampliação do trabalho de diagnóstico, a Semsa prepara uma intensa mobilização para o “Janeiro Roxo”, campanha nacional de prevenção e controle da hanseníase, e inicia na próxima segunda-feira, 3/1, a visita em domicílios, selecionados aleatoriamente, realizando uma entrevista por meio de questionário elaborado pelo Ministério da Saúde, nos bairros com maior incidência da doença em Manaus.

Conforme a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, a ação faz parte do trabalho que o órgão tem desenvolvido para reforçar o diagnóstico precoce da hanseníase, que pode levar de 2 a 7 anos para manifestação dos sintomas, a partir da contaminação.

“Como os sintomas da hanseníase não se manifestam de forma imediata, o diagnóstico precoce da doença é fundamental. Em alguns casos, com diagnóstico tardio, o paciente chega ao serviço de saúde já apresentando sequelas irreversíveis. A ação do Janeiro Roxo tem o objetivo de sensibilizar a população sobre os sinais e sintomas da doença, que tem cura, e fortalecer a detecção precoce”, informa Shádia Fraxe.

A ação de busca ativa que será realizada entre 3 e 7/1, com a atuação de Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), vai alcançar 12 bairros de Manaus: Colônia Antônio Aleixo, Jorge Teixeira, Cidade de Deus, Santa Etelvina, Novo Aleixo, Alvorada, Compensa, Petrópolis, Centro, Cachoeirinha, Praça 14 de Janeiro e Japiim. A previsão é que sejam realizadas visitas em 1.106 imóveis.

A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Simone Alves dos Santos, explica que os ACSs irão visitar os domicílios selecionados para a busca ativa de possíveis casos suspeitos, mediante a realização de entrevistas com moradores.

O formulário preenchido será entregue para a equipe de saúde responsável pelo território, que irá avaliar as respostas e agendar as consultas.

Movimentação

No período de 17 a 22/1, a Prefeitura de Manaus vai organizar a Semana Nacional de Mobilização da Hanseníase, evento coordenado pelo Ministério da Saúde em todo o país, que tem como objetivo ampliar a detecção de casos da doença, assim como no fortalecimento da capacitação dos profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento.

“Uma das estratégias é justamente a aplicação do questionário em domicílio. Com a avaliação das respostas dos moradores ao questionário, os pacientes serão encaminhados para atendimento na Unidade de Saúde mais próxima da residência. Nessa primeira consulta, se for confirmada a necessidade de atendimento com médico dermatologista, o paciente será encaminhado pela equipe para atendimento com especialista em 11 Unidades de Saúde, o que vai ocorrer no período de 19 a 21 de janeiro”, destaca Ingrid, lembrando que a ação terá a participação da Fundação Alfredo da Matta e da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).

Além de médico dermatologista, o paciente terá atendimento com fisioterapeutas, médicos clínicos e enfermeiros.

A Semana Nacional de Mobilização da Hanseníase também foi idealizada como forma de minimizar o impacto da pandemia da Covid-19 sobre a detecção de casos da hanseníase. “Com o início da pandemia em 2020, a população de modo geral evitou sair de casa para procurar uma Unidade de Saúde por causa do risco de aglomeração e transmissão da Covid-19. Uma das consequências foi a provável subnotificação de agravos como a hanseníase, ou seja, a redução no diagnóstico de novos casos”, esclarece.

 

Registros

Em 2019, Manaus registrou 120 casos novos de hanseníase. Em 2020, foram 70 novos casos diagnosticados e em 2021 o número chegou a 100 casos novos.

Os dados mostram que este ano houve um aumento de 42,85% nos novos casos, em comparação com 2020, mas manteve redução de 16,66% em relação a 2019.

“O controle da hanseníase só pode ser feito a partir do diagnóstico precoce, já que o início do tratamento interrompe a transmissão do bacilo que causa a doença, evitando que outras pessoas sejam infectadas. Por isso, há preocupação com a redução no número de casos notificados, em comparação ao período pré-pandemia, o que pode indicar a subnotificação de casos, com pessoas doentes sem o diagnóstico e que continuam transmitindo a hanseníase”, afirma a enfermeira.

Doença

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) e a transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem ter iniciado o tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros. Os sintomas podem surgir entre dois e sete anos a partir da contaminação.

Na fase inicial da doença, os sintomas são caracterizados por lesões na pele que causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes. Em estágios mais avançados pode apresentar edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição ou perda de força nos músculos, inclusive nas pálpebras.

A transmissão requer um convívio muito próximo e por um tempo muito prolongado. Por esse motivo é fundamental acompanhar os contatos domiciliares do paciente com hanseníase para um diagnóstico precoce.

Em 2021, dos 100 casos novos de hanseníase em Manaus, 19,35% já apresentavam sequelas no momento do diagnóstico, representando o índice mais elevado dos últimos 20 anos.

“As sequelas atingem mãos, pés e olhos principalmente. No estágio mais avançado, o paciente tem comprometimento na visão e na mobilidade, alguns não conseguem nem abotoar a blusa ou calçar um sapato. O paciente perde também a sensibilidade no local da lesão nas mãos e nos pés, e precisa ter atenção redobrada durante o preparo dos alimentos no fogão para não se queimar, assim como pode acabar machucando os pés sem perceber, o que agrava as lesões”, alerta Ingrid.

A enfermeira lembra ainda que a Semsa tem avançado na proporção de cura e na redução da taxa de abandono de tratamento da hanseníase. Em 2021, a taxa de abandono é a menor dos últimos 20 anos, com 2,25%. A proporção de cura é de 93,26%, ultrapassando a meta do Ministério da Saúde que é atingir 90% de cura entre os casos diagnosticados.

“A Semsa tem procurado avançar no controle da hanseníase e isso inclui o diagnóstico e tratamento precoce, mas também garantir que o paciente faça a adesão ao tratamento de forma a atingir a cura da doença, interrompendo a cadeia de transmissão”, destaca Ingrid.

 

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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa

Foto – Divulgação / Arquivo – Semsa

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