PM que matou sobrinho de rapper ao atirar 11 vezes pelas costas vai a júri popular

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Por Catarina Duarte — Ponte Jornalismo

O soldado da Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo Vinicius de Lima Britto, réu pela morte do jovem Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, vai a júri popular. A decisão foi publicada nesta terça-feira (25/3). Vinicius também deve permanecer preso até o julgamento. O jovem é sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, ex-Facção Central.

O crime ocorreu no dia 3 de novembro de 2024, por volta das 22h, em frente ao mercado OXXO localizado na Avenida Cupecê, no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo. Imagens da câmera de segurança da unidade mostram que Gabriel foi atingido quando estava de costas.

A juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara de Júri, rechaçou a versão do PM que alegou ter agido em legítima defesa. A magistrada destacou que as câmeras de segurança do local desmentem essa ideia. O número de tiros — foram 11 no total — e o fato de Gabriel ter sido atingido pelas costas “são indicativos de eventual excesso doloso”, escreveu a juíza.

Vinícius será julgado por homicídio qualificado. Na denúncia, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) considerou que ele agiu por motivação fútil e com emprego de meio que dificultou a defesa de Gabriel.

Testemunha ameaçada

A única testemunha presencial dos fatos ouvida em juízo, o caixa do mercado OXXO, disse que em nenhum momento o policial deu voz de parada a Gabriel e não se identificou como agente antes de atirar. Ele também revelou que o jovem não fez menção de estar armado.

Câmera de segurança de uma unidade do OXXO registrou o momento da agressão (Foto: Reprodução)

O funcionário do OXXO disse que, após atirar contra Gabriel, Vinicius entrou no mercado e ligou para um superior perguntando o que deveria fazer. Minutos depois, policiais à paisana teriam chegado ao estabelecimento e feito ameaças contra ele.

“Olha, você sabe que a gente, salvou vocês, né (…) porque era mais um aí que estava furtando, então você sabe o que aconteceu, pode até não estar não armado, mas poderia estar”, teriam dito os policiais ao funcionário que se sentiu pressionado e coagido. Ele admitiu ter prestado depoimento “não totalmente verdadeiro” à Polícia Civil diante do medo.

PM diz que ultrapassou limite

Em depoimento dado em juízo, o policial alegou ter agido em legítima defesa. Vinicius contou que foi ao mercado comprar cigarros. A unidade fica próxima da Companhia da Polícia Militar onde ele trabalha.

Em sua versão, Vinicius sustentou que Gabriel fez menção de estar armado enquanto recolhia os produtos do chão. “Sai fora que eu estou armado”, teria dito o jovem. O PM alega que deu voz de parada e prisão e se apresentou como policial.

Mesmo assim, na versão de Vinicius, Gabriel teria projetado o corpo como se fizesse menção de estar armado. Esse foi o motivo do primeiro disparo. Os demais, segundo o PM, ocorreram porque a vítima estava de frente para ele. Os tiros só pararam quando o jovem caiu no chão.

Vinicius disse entender que ultrapassou o limite de contenção do crime patrimonial ao efetuar tantos tiros, mas que fora treinado para proteger e que achou que corria risco de morte por acreditar que Gabriel estava armado.

O PM disse ter comunicado os demais policiais da Companhia da Força Tática e também o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).



Fonte: ICL Notícias

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