A pitaya é um cacto original da região da América Central, e possui, atualmente, uma cultura concentrada em estados do Sul e Sudeste do Brasil. A fruta de cor rosa, no entanto, está em crescimento na mesa dos amazonenses. Um dos responsáveis por isso é o empresário Cléber Medeiros, dono da fazenda “Toca da Pitaya” e que transformou um sonho em mais de 110 mil mudas plantadas, somente na sua fazenda.
A “Toca da Pitaya” está situada no km 35 da rodovia AM-010, no Ramal Água Branca, município de Rio Preto da Eva, a 57 quilômetros da capital. A cidade, conhecida pela produção de citros – laranja e limão – investe agora na plantação de pitaya, encabeçada pelo empresário paulista.
Após uma temporada fora do Brasil, o empresário se fixou na Amazônia em um projeto de ação voluntária com ribeirinhos do Amazonas.
“Eu vi a necessidade do povo ribeirinho em ter mais opções, em ter mais variedade porque eu vi aquilo: era macaxeira, era juta, era criação de peixe, era sempre a mesma toada, sendo que a gente sabe a variedade que se pode explorar, né? Então, eu vim com a ideia de poder melhorar o nicho de plantação dos agricultores familiares”, afirmou.
O produtor pensou, então, em achar uma alternativa rentável para a agricultura próximo à capital.
“Aqui na [rodovia] AM-010 nós compramos uma pequena chácara e eu fui começar a sondar: o que plantar nessa chácara? O que que eu vou cultivar aqui? Então eu vi que cupuaçu financeiramente era inviável, que açaí que ia demorar demais e peixe devido ao custo da ração, assim como o frango também não daria muito lucro. Então fiquei pesquisando, o que fazer, né?”, disse Medeiros.
A pitaya surge então como uma alternativa inusitada e, ao mesmo tempo, extremamente viável ao clima amazônico. O desafio, então, foi achar a muda de pitaya – o cacto.
“Tentei adquirir mudas e não encontrei para comprar. Então fui ao supermercado, comprei as duas primeiras frutas, extraí as sementes e a gente pôs ali no substrato, depois pro copinho de café, depois pro saquinho de meio quilo, depois pro saquinho de um quilo e as primeiras mudas foram pro chão no tempo certo. E depois de 50 nós fomos pra 100 mudas, 500 mudas, 1000 mudas, e hoje nós estamos com mais de 110 mil pés de pitaias aqui na região”, explicou o empresário e produtor.
Incentivo à produção de pitaya
Atualmente, o empresário costuma realizar o Dia de Campo, para ensinar e atrair a atenção de agricultores rurais para a facilidade do plantio da pitaya. Para Medeiros, a fruta é uma fonte de renda sustentável, de manejo rústico, com ótima produtividade em pequenas áreas, e um alto valor de mercado.
O cultivo do cacto aparece no Amazonas, então como uma nova alternativa para popularizar a fruta no comércio do estado e ainda gerar mais emprego e renda.
Durante o Dia de Campo, na fazenda, são ministradas palestras e visitas às plantações para que os produtores também consigam enxergar o potencial da cultura da pitaya no bioma amazônico.
Pitaya do Amazonas para o Mundo
O diferencial da criação da fruta para o resto do Brasil é a adaptação ao clima. A mudança brusca de altas e baixas temperaturas pode influenciar na sazonalidade do plantio e cultivo na pitaya.
“porque nós temos que importar a pitaya de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e por que que nós não podemos produzir aqui? Muitas pessoas pensam: ah, mas é muito quente, mas ela [planta] não se importa, se está chovendo demais, ela não se importa, problema esse que as outras culturas têm em potencial. Já com a pitaya, a gente não alcança isso”, ressaltou.
Através da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), pelo menos 100 produtores rurais de Rio Preto da Eva receberam mudas de pitaya para iniciar suas produções. Medeiros, que já visa o mercado nacional e até internacional, dá a oportunidade dos produtores de venderem suas colheitas.
O empresário pretende, nos próximos meses, abrir uma fábrica de pitaya localizada na capital amazonense. O objetivo é produzir em larga escala e mostrar o potencial do Amazonas para o cultivo da fruta de forma sustentável e gerando renda para a população da Região Metropolitana de Manaus.
“A intenção é embalar esses hospitais e mandar pra fora do país. Nós já temos compradores como Espanha, como Portugal, Estados Unidos, Dubai que estão esperando as nossas amostras que vão estar sendo enviadas agora no começo de novembro, dezembro. Nós vamos estar mandando as primeiras amostras de pitaya congelada”, concluiu.
Sobre a Pitaya
A pitaya é o fruto de várias espécies de cactos nativos de regiões da América Central e México, também cultivadas em Israel, Brasil e China. Com o sabor suave e levemente adocicado, a fruta tem alto teor de vitaminas e nutrientes, além de ser um poderoso alidao no combate a doenças.
As frutas frescas são fontes de nutrientes e compostos vitais para a saúde, isso porque atuam no metabolismo dos carboidratos, fortalecendo dentes, ossos, sangue e tecidos, além das defesas do corpo.