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O Brasil preferiu subterfúgios, investiu tempo e energia no tratamento precoce e perdeu o time da vacina !

Presidente do Cofecon aponta necessidade de investimento público para sair da crise

Em entrevista ao programa Economia em Debate, do Corecon-AM, Antônio Lacerda ressaltou efeito multiplicador da máquina pública seguido por outros países

 A pandemia afeta todos os países. No entanto, a forma como ela é negada no Brasil, principalmente pelas autoridades, acaba prejudicando a recuperação econômica e colocando o país na contramão de práticas adotadas pelas principais economias no mundo. “Em vez de planejar, o Brasil preferiu subterfúgios e investiu tempo e energia no tratamento precoce que não tem eficácia comprovada e tampouco pode ser aplicado em massa. Perdeu o timing da vacina. A primeira solução para sair da crise não é negá-la, mas enfrentá-la”, afirma o presidente do Conselho Federal de Economia, Antônio Corrêa de Lacerda.

Em entrevista ao programa Economia em Debate, parceria do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon) com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o economista, especialista em macroeconomia, defendeu uma postura mais ousada em relação ao teto de gastos do Governo Federal, já adotada em outros países. “A política em vigor no Brasil é defasada em relação às praticas internacionais: enquanto o Brasil se perde em tetos de gastos, o mundo esta em outra, buscando alternativas. Sem enfrentamento e sem romper as amarras não vamos sair desse marasmo que já se encontrava antes da pandemia”, explicou.

Ao ser questionado pelo economista Jefferson Praia, apresentador do programa, sobre que medidas seriam eficazes em um contexto onde há 14 milhões de desempregados, Antônio Lacerda lembrou que o Estado tem efeito multiplicador na economia, além de ser indutor ao investir e estimular a iniciativa privada a investir também.

“No momento em que a economia se encontra em retração, o Estado tem que entrar gastando porque ele multiplica. Estamos no menor nível de investimento público da nossa historia. Na verdade, é uma falsa escolha: mesmo que o Estado decidisse não gastar, se a economia não reagir, os gastos vão aumentar. Não é cortando gastos que trará confiança, mas sim, investindo e essa confiança trará o crescimento econômico”, explicou.

O presidente do Cofecon acrescentou ainda que essa é uma medida tomada no curto prazo, mas que permite crescimento no futuro. “Todos os países relevantes estão ampliando a dívida pública chegando a índices semelhantes ao período do pós-segunda guerra. Do contrário, fica-se refém da estagnação porque não gera atividade econômica desse efeito”.

Segundo apontou o economista Jefferson Praia, enquanto alguns países chegaram a comprometer em média 6% do seu PIB apenas com investimentos na saída da crise econômica e sanitária, o Brasil aportou o dobro e ainda não tem perspectivas de melhora ao que o presidente do Cofecon, Antônio Lacerda, acrescentou que é reflexo da desigualdade acentuada no país, que exige um gasto maio para amenizar o efeito da pandemia, além de se questionar a eficácia na aplicação dos recursos, o que exigiria um outro tipo de análise.

Reforma tributária 

Um outro ponto debatido durante o programa foi a necessidade da realização de uma Reforma Tributária que contemple não apenas a simplificação da cobrança de impostos, mas também promova a taxação dos super ricos e desonere proporcionalmente o imposto sobre os produtos. “Não e fácil viabilizar a reforma necessária, mas e preciso fazê-la. É um tema que precisará ser enfrentado”, afirmou o presidente do Cofecon, Antônio Lacerda.

Para o presidente do Corecon-AM, Martinho Luís Gonçalves Azevedo, é preciso iniciar o processo de reforma com a simplificação, de forma a facilitar a abertura de novos negócios, desde os pequenos empreendimentos até os maiores, já será  um caminho para a correção de distorções do atual modelo tributário praticado no País.

“O setor empresarial gasta muito tempo no cumprimento de obrigações acessórias. Precisamos de simplificação. Infelizmente, o pacote completo da reforma tributária não passa porque a sociedade brasileira representada no Congresso Nacional não quer”, pontuou. “Nós vivemos um ambiente confuso e avesso a negócios porque  não se entende os próximos passos de uma estrutura regular de mercado”, completou.

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