Em 2020, a Noruega tornou-se o 1º país do mundo onde a venda de veículos elétricos superou a de carros à combustão e modelos híbridos. Segundo a Federação de Estradas da Noruega (OFV), citada pelo Guardian, os veículos elétricos a bateria (BEVs) representaram 54,3% do total de carros vendidos no país nórdico no ano passado, um recorde mundial. Para comparação, há uma década, a proporção de veículos elétricos era ínfima, de apenas 1%. Apenas no mês de dezembro, os modelos elétricos chegaram a 66,7% de participação nas vendas de automóveis no país, puxados principalmente pela marca Audi, de propriedade do grupo Volkswagen. A montadora alemã desbancou a Tesla como principal fornecedora de veículos elétricos na Noruega.
Como também destacou o Guardian, os ótimos resultados do mercado de veículos elétricos na Noruega contrastam com a dependência e a insistência da economia norueguesa com a exploração de combustíveis fósseis. Por um lado, o país tem uma das metas verdes mais ambiciosas do mundo, que pretende proibir até 2025 a venda de veículos a combustão. Por outro lado, o governo norueguês está leiloando licenças de exploração de petróleo na região ártica, mesmo sob críticas de cientistas e ativistas climáticos sobre o risco das operações nesta delicada área do globo e o impacto da produção de mais combustíveis fósseis sobre o clima global.
De toda maneira, parece que a Noruega começa a se mexer – ainda que lentamente – para mudar a situação. A Reuters destacou a proposta do governo do país de triplicar o imposto sobre emissões de carbono até 2030, com o objetivo de arrecadar recursos para viabilizar os objetivos climáticos do país – redução de 50% a 55% de suas emissões de carbono até o final desta década em relação aos níveis de 1990.
Em tempo: Ontem, a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas no Brasil. A pior consequência é o encerramento de milhares de empregos, principalmente em Camaçari, na Bahia; a consequência menos pior é a possibilidade do consumidor brasileiro da marca ter acesso aos modelos menos poluentes produzidos em outras unidades, como as do México, da Argentina e da China.