(Folhapress) – Jornalistas da Folha sofrem ataques em massa nas redes sociais desde a tarde da última sexta-feira (21) em razão da cobertura dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Diversas contas em diferentes plataformas passaram a ameaçar, perseguir e procurar informações pessoais de profissionais que fizeram reportagens sobre presos após os ataques daquele dia.
Os ataques começaram após uma conta no X (antigo Twitter) fazer postagens em texto e vídeo insinuando que as jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira eram responsáveis pela prisão da mulher que pichou a estátua “A Justiça” com críticas aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
O texto publicado em redes sociais também insinuava, sem nenhuma prova, que dados sobre a autora da pichação haviam sido entregues pelas jornalistas ao Supremo, o que jamais aconteceu.
A responsável por aquele ato, Débora dos Santos Rodrigues, acabou presa. O caso passou a ser tratado de maneira simbólica por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por críticos do ministro do STF Alexandre de Moraes. Débora é alvo de julgamento na Primeira Turma do Supremo. Moraes e o ministro Flávio Dino votaram pela condenação dela, com uma pena de 14 anos de prisão.
Ainda na última sexta-feira, um comentarista da Revista Oeste repetiu os mesmos ataques inverídicos que circulavam nas redes contra as jornalistas.
Publicações nas redes sociais expuseram nomes e fotos das repórteres, ultrapassando centenas de milhares de visualizações.
Nos comentários e em mensagens privadas, usuários enviaram às jornalistas xingamentos, estímulos a linchamentos públicos e ao escrutínio de informações pessoais. Parte das mensagens continha ameaças de morte. Os ataques também tiveram como alvo parentes das jornalistas.
Ataques são preocupantes
Associações de imprensa repudiaram os ataques às duas profissionais.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) manifestou “extrema preocupação” com a campanha de perseguição às jornalistas. A entidade afirmou que as ameaças precisam ser investigadas e que seus responsáveis devem ser punidos.
“Trata-se de uma ação coordenada de ofensas pessoais, exposição de dados pessoais e ameaças de violência física e morte, difundidas pelas redes sociais com o claro intuito não só de atacar as duas profissionais como também de silenciar o trabalho da imprensa”, declarou a associação.
A entidade acrescentou que “não é papel do jornalista julgar ou condenar, tampouco se omitir diante de informações relevantes para a sociedade”.
A Arfoc (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo) afirmou que as jornalistas cumpriram o “dever de documentar a realidade”, repudiou “qualquer forma de intimidação e censura” e reiterou seu “compromisso com a defesa da liberdade de expressão”.
“Em um momento em que a liberdade de imprensa e o direito à informação estão sendo ameaçados, é inaceitável que profissionais da comunicação sejam alvo de ataques por exercerem sua função com seriedade e compromisso com a verdade”, diz o texto.
Fonte: ICL Notícias