Em um dos mais difíceis momentos pelo qual passa a humanidade, descobrir novos mecanismos para a manutenção da saúde mental tem sido um grande desafio, em especial, aos profissionais que atuam em serviços considerados essenciais durante a pandemia da Covid-19. Mas, nem tudo está perdido. Algumas dicas de quem atua na promoção do bem-estar e da integridade emocional da população, podem apontar um caminho para o controle das emoções, ajudando a driblar o estresse e a ansiedade. Entre elas, está a prática de atividades alternativas.
A psicóloga da Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), Quézia de Freitas, destaca que criar um plano para definir metas diárias a serem executadas, buscando fugir ao habitual, é um passo inicial. “Os profissionais da saúde como maqueiros, administrativos, serviços gerais, cozinheiros, entre outros; além da imprensa, trabalhadores da área de transporte de cargas, e quem mantém os serviços essenciais, têm carregado uma grande carga de estresse, que mexe com o emocional. Todos os dias, encaram uma rotina exaustiva tanto mental, como fisicamente. Por isso, desviar a mente dessa realidade, após sair do trabalho, ajuda a restabelecer o lado emocional”, explicou.
Jardinagem, meditação, leitura, praticar exercícios físicos, cozinhar, organizar os espaços da casa, pintar, escrever, assistir a um filme, estudar outros idiomas, são meios de, basicamente, se dedicar a outra atividade fora da redoma em que os indivíduos se encontram quando exercem suas atividades profissionais de alto risco. “No caso da pandemia, as pessoas estão expostas ao risco de contaminação e também são obrigadas a lidar com o luto contínuo, em diversas áreas. Mas isso não precisa estar sempre presente”, assegurou.
Com o isolamento social, outros desafios, como manter uma rotina, foram impostos. Por isso, dar continuidade a atividades praticadas antes da pandemia, como exercícios físicos, é o melhor caminho. A dica, nesse caso, é adaptá-las aos espaços e aos recursos disponíveis.
O apoio de amigos e familiares também tem se mostrado muito eficaz nessas ocasiões. Uma preocupação de especialistas da área da saúde é o impacto pós-pandemia na vida de quem atua na linha de frente. Depressão, ansiedade e outras alterações, já estão mais frequentes no dia-a-dia. Por isso, a prevenção precisa iniciar o quanto antes, com ações individuais e coletivas.
“Não estar sozinho, procurar sempre conversar com um amigo ou familiar; ter alguém em quem confiar. Essas são dicas indispensáveis ao convívio social e ajudam no fortalecimento dos laços afetivos e do equilíbrio psicológico. Além disso, existem redes de apoio para quem precisa de ajuda especializada. Na Segeam, por exemplo, uma equipe multidisciplinar tem atuado nesse sentido, disponibilizando, inclusive, psicólogos para o atendimento aos profissionais e colaboradores. O acesso se dá através dos coordenadores das equipes que atuam nas unidades hospitalares”, frisou.
Apertar o botão de desligar ao chegar em casa, após uma rotina pesada de trabalho, também deve fazer parte dos planos. “Evitar notícias ruins de forma desnecessária é uma boa dica. Sabemos que todos devemos estar atentos às informações sobre a pandemia, até para a adoção das medidas e orientações necessárias à prevenção. Mas, não significa que as pessoas precisem lidar com esse cenário 24 horas por dia. Relaxar, meditar e deixar os problemas de lado ajuda a recuperar a tranquilidade”, sugeriu a psicóloga.
Tenha uma vida saudável
Outra dica importante para o corpo e a mente, é fazer escolhas saudáveis. Uma boa alimentação ajuda a aumentar a imunidade, dando mais energia e disposição. Além disso, previne inúmeras doenças e é algo que fará toda a diferença ao longo da vida, não só em momentos de crise. “Na correria do dia-a-dia, as pessoas tendem a se alimentar mal, comendo o que está ao alcance. Se programar e cozinhar seu próprio alimento se tiver tempo, também é considerado autocuidado e, às vezes, um ato de amor próprio, pois ajuda na manutenção da saúde. Além disso, pode ser considerado terapêutico”, destacou.
Pesquisas recentes mostraram que na pandemia, o consumo de bebidas alcoólicas aumentou. Por isso, Quézia de Freitas alerta para a importância da moderação. “Evitar o álcool e o tabagismo também é muito importante. Já há estudos que apontam para uma maior vulnerabilidade à Covid-19, por pessoas tabagistas. Mais um motivo para afastar esse mau hábito do quotidiano. Já o álcool pode ajudar no relaxamento momentâneo, mas o uso exacerbado e a longo prazo, é prejudicial à saúde em vários aspectos”, reforçou.