A afirmação sobre a Amazônia foi feita quando Bolsonaro citava a conversa que teve com o presidente János Áder. A Hungria é um país parlamentarista. O chefe de governo é o primeiro-ministro. O presidente cumpre, na maior parte das vezes, funções cerimoniais.
“Eu tive a oportunidade de falar pra ele (János Áder) o que representa a Amazônia para o Brasil e para o mundo e, muitas vezes, as informações sobre essa região chegam pra fora do Brasil de forma bastante distorcida. Como se nós fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e a sua destruição. Coisa que não existe”, disse Bolsonaro.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no entanto, apontam que, desde que Bolsonaro assumiu o governo, em 2019, o ritmo de desmatamento da Amazônia aumentou se acelerou.
Nos três primeiros anos de seu governo, as taxas de desmatamento da Amazônia se mantiveram acima de 10 mil quilômetros quadrados de forma consecutiva, o que não acontecia desde o início dos anos 2000.
Segundo o Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), a taxa de desmatamento em 2021 foi de 13,2 quilômetros quadrados, o maior número desde 2008.
Em janeiro agora, o sistema de monitoramento por satélite do governo indicou que, naquele mês, a derrubada de árvores superou em muito o número registrado no mesmo período no ano anterior.
A área de floresta perdida foi cinco vezes maior do que a de janeiro de 2021, tornando janeiro de 2022 o pior janeiro desde o começo dos registros em 2015.
Presidente da República Jair Bolsonaro acompanhado do Presidente da Hungria, János Áder, recebem honras de Chefe de Estado – ISAC NÓBREGA/PR
Preservação
Bolsonaro afirmou que o Brasil preserva 63% de suas florestas e classificou as críticas à política ambiental do Brasil como “ataques” à economia brasileira.
“Nós preservamos 63% do nosso território e não se encontra isso em praticamente nenhum outro país. Nós nos preocupamos até mesmo com o reflorestamento, coisa que não vejo nos países da Europa como um todo. Então essa desinformação passa pro lado de um ataque à nossa economia que vem obviamente em grande parte do agronegócio”, disse o presidente.
Deus E Família
Em outro ponto da sua declaração à imprensa, Bolsonaro disse haver uma proximidade ideológica entre o Brasil e a Hungria. Segundo ele, os dois países seriam representantes de valores como Deus e família.
“Considero seu país o nosso pequeno grande irmão. Pequeno se levarmos em conta as nossas diferenças nas respectivas extensões territoriais e grande pelos valores que nós representamos que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade”, disse Bolsonaro.
De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, Viktor Orbán virou uma inspiração para a ultradireita mundial. Durante seu governo, foram introduzidas mudanças que permitiram maior concentração de poder. Seu governo é conhecido por introduzir políticas anti-imigração e crítico a minorias como a comunidade LGBTQIA+.
As ações neste sentido são criticadas por movimentos que atuam em defesa dos direitos humanos e por organismos internacionais.
Bolsonaro, por sua vez, disse que trata Orbán como a um “irmão”.
“Acredito na Hungria. Acredito no prezado Orbán, a quem eu trato praticamente como um irmão dada as afinidades que nós temos na defesa dos nossos povos e na integração dos mesmos”, afirmou Bolsonaro.
Além da agenda política, a comitiva brasileira assinou três memorandos de entendimento com o governo húngaro nas áreas de defesa, recursos hídricos e de ações humanitárias.
Bolsonaro deverá retornar ainda nesta quinta-feira (17/2) para o Brasil. A previsão é que chegue na sexta-feira (18/2) ao Rio de Janeiro, onde pretende sobrevoar a região serrana do Rio de Janeiro, atingida por chuvas e desabamentos que mataram dezenas de pessoas.
Por: Leandro Prazeres
Fonte: BBC News
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