Guerra comercial pode ser ‘bênção’ para o agro brasileiro

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O aumento das tensões com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que vem prejudicando os produtores agrícolas americanos, está criando uma oportunidade significativa para o setor agropecuário do Brasil. Essa análise foi apresentada pelo jornal britânico Financial Times, em reportagem publicada neste domingo (13).

Segundo o veículo, o Brasil já havia se destacado durante a primeira fase da disputa comercial entre Washington e Pequim, conquistando o posto de principal fornecedor de alimentos para o mercado chinês. Agora, o jornal acredita que o país tem potencial para expandir ainda mais sua participação nesse cenário.

O texto ressalta que, mesmo antes da nova rodada de tarifas, os embarques brasileiros para a China — segunda maior economia do planeta — já vinham em alta. Um exemplo disso é o crescimento de aproximadamente 33% nas exportações de carne bovina no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. Produtos como carne de frango e soja também apresentaram aumento expressivo nas vendas externas.

Enquanto isso, os Estados Unidos enfrentam uma retração nas exportações para o mercado chinês, reflexo da relação tensa com o governo de Donald Trump, conforme lembra o Financial Times. A publicação também destaca que os produtores americanos ainda não conseguiram se recuperar totalmente das perdas sofridas durante a guerra comercial anterior, iniciada no primeiro mandato de Trump.

Além da demanda asiática, o Brasil também pode se beneficiar de um novo movimento da União Europeia. O bloco europeu decidiu aplicar tarifas de retaliação de 25% sobre importações de soja, carne bovina e frango originadas dos EUA, o que pode abrir espaço adicional para os produtos brasileiros.

Em carta aberta mencionada na reportagem, a Associação Americana de Produtores de Soja apelou ao presidente para retomar negociações com a China, alegando que o setor perdeu cerca de 10% da sua fatia no mercado chinês — espaço que ainda não foi recuperado.

Agricultores brasileiros entrevistados pelo Financial Times apontam para um aumento consistente na procura por seus produtos por parte da China. No entanto, há preocupações quanto à capacidade do Brasil de atender à demanda internacional. Jim Sutter, CEO do Conselho de Exportação da Soja dos EUA, alertou que, caso tanto China quanto Europa intensifiquem suas compras junto ao Brasil, os estoques nacionais podem ser rapidamente consumidos.

Soja em alta: Preços disparam com guerra comercial, dólar forte e demanda global

A soja brasileira voltou a ganhar força no mercado, com preços em alta tanto no Brasil quanto no exterior na primeira quinzena de abril, segundo o Cepea/USP. A valorização do dólar, que ultrapassou os R$ 6, impulsionou as cotações e tornou a soja nacional mais atrativa para o mercado externo. No Porto de Paranaguá (PR), a saca de 60 kg atingiu R$ 137,89.

A suspensão temporária de tarifas por parte dos EUA trouxe fôlego ao comércio internacional, mas também intensificou tensões com a China — que deve aumentar ainda mais suas compras do Brasil, seu principal fornecedor de soja.

Até 21 de março, o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas de soja — 59,5% acima do total exportado em fevereiro. E a colheita está a todo vapor: 76,4% da área plantada já foi colhida, superando médias anteriores, com clima favorável e produtividade excepcional.

Com uma safra recorde estimada em 167,37 milhões de toneladas, a cadeia da soja e do biodiesel pode movimentar R$ 598,4 bilhões, representando 23,2% do PIB do Agronegócio em 2024. Apesar de desafios, como a quebra de safra anterior, o setor mostra resiliência e força.

Com dólar alto, demanda aquecida e produtividade recorde, o Brasil reforça sua posição como potência global no agronegócio — especialmente em tempos de instabilidade geopolítica e guerra comercial entre gigantes.

 





Fonte: ICL Notícias

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