O Financial Times publicou um especial sobre o Brasil com 9 matérias sobre negócios sustentáveis que levaram uma leve demão de verde.
O primeiro texto fala sobre o crescimento do interesse de investidores por empresas com compromissos socioambientais e de governança, o ESG (sigla em inglês de meio ambiente, social e governança), algo relativamente novo no palco nacional. A matéria cita, no topo, a Natura como puxadora do bloco e dá exemplos de fachadas menos brilhantes ou verdes. Cita também a bolsa de valores com o insosso Índice de Sustentabilidade Empresarial que ajuda pouco o investidor a discernir entre o trigo e o pintado de verde. A matéria termina com uma frase de Annelise Vendramini, do GVces: “Cada país é uma marca. Não se exporta apenas o produto, também se exporta a marca do país. Quando o governo age contra algo em sua marca, isso é motivo de preocupação.”
O segundo artigo fala da dúvida de que o Exército seja o instrumento mais adequado para conter o desmatamento da Floresta Amazônica. Citando o desmatamento de quase 11 mil km2 no ano passado causado por “madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros”. A matéria não fala que a grilagem só acontece porque há um mercado valorizando as terras aptas para pastagens e lavouras. Mas fala do trabalho do governo federal de matar de inanição o IBAMA e ICMBio, as agências que deveriam estar lutando contra o desmatamento.
Na terceira matéria, há uma entrevista com o ministro do meio ambiente sobre a Amazônia. Salles repete seu mantra de que a região é uma das mais ricas do mundo e lar dos brasileiros mais pobres e que o país não tem dinheiro para melhorar suas vidas. Ele admite que a maior parte do desmatamento é ilegal, mas joga a culpa na pobreza, como se gastar até R$ 2.000 para desmatar um hectare estivesse ao alcance de todos. E falando sobre seus parques órfãos de pai e governo, volta a pedir que empresas os adotem.
A quarta matéria é sobre a Ferrogrão que, para o autor, joga agricultores contra ambientalistas. A matéria começa dando a entender que a iniciativa é do governo Bolsonaro, quando nasceu em 2012, ano em que o atual ministro da infraestrutura, Tarcísio Freitas, era diretor executivo do DNIT do governo Dilma. Embora faça referência ao risco de desmatamento e da não consulta aos Povos Indígenas por onde a estrada está desenhada a passar, a matéria dá bem mais espaço ao agronegócio.
Na quinta matéria a abordagem é com o presidente do Banco Central e as iniciativas de incorporar critérios de ESG.
Outra sobre o perigo de outra crise hídrica em São Paulo.
Há uma sobre a americana AES apostando em eólicas.
As últimas três falam da agricultura familiar, do controle biológico de pestes e do embate entre os frigoríficos e as iniciativas de produção de carne vegetal.