O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram nota nesta terça-feira (18) manifestando preocupação com o ataque virtual dirigido pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao colunista Guilherme Amado, do site PlatôBR, e também com as ameaças recebidas pelo repórter Paulo Motoryn, do Intercept Brasil, por conta de reportagens que incomodaram setores reacionários da política.
“Em uma democracia, críticas ao trabalho jornalístico devem ser proferidas sempre com base em argumentos técnicos e reflexões de ordem ética, e não em ataques pessoais, por isso as entidades repudiam toda e qualquer agressão que tenha como objetivo a desmoralização do exercício profissional do jornalismo, ofício ao qual cabe exercer vigilância sobre os poderes constituídos e seus agentes”, diz o texto.
Amado foi alvo dos ataques após a publicação de uma matéria que afirmava que Eduardo Bolsonaro realizava uma live em Washington, nos Estados Unidos, enquanto o Congresso discutia emendas. Em resposta à publicação, o deputado afirmou que o jornalista “está se borrando de medo” do trabalho que ele está realizando nos EUA e que “tem razão de ficar com medo”.
Esse é um truque retórico velho, @guilherme_amado. Você está se borrando de medo do trabalho que estou fazendo aqui, por isso está tentando jogar minha base política contra mim
Viram que não adianta ameaçar prender meu passaporte, agora estão tentando ver se a direita começa a… pic.twitter.com/d5iwruk51c
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 13, 2025
A nota conjunta prossegue: “Ameaçar e atacar pessoalmente um profissional da categoria por conta de conteúdos que geraram dissabores a um segmento da política, como se vê nos casos em questão, é aderir a um método político que lembra os períodos mais críticos e nefastos da história do Brasil. As entidades aproveitam o ensejo para pedir que a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) e a Polícia Civil deem celeridade às investigações sobre as ameaças direcionadas ao jornalista Paulo Motoryn, pois uma sociedade que vive sob a égide do Estado democrático de direito não pode dar guarida a esse tipo de postura”.
Ataques ao jornalista Guilherme Amado
Na manifestação, o SJPDF e a Fenaj lembram que o Brasil ainda é palco de estatísticas inquietantes quando o assunto é violência contra profissionais de imprensa: foram 181 ocorrências somente em 2023, segundo contagem da federação.
Apesar de o montante ter significado uma queda de 51,86% em relação a 2022, ano eleitoral, o problema segue exigindo dos setores democráticos do país uma atuação enérgica e multidirecional no sentido de coibir ações do tipo, sob pena de prejuízos ainda maiores à liberdade de imprensa no país.
O SJPDF acrescentou ainda que se solidariza com os colegas ameaçados e coloca sua assessoria jurídica à disposição da categoria diante de ocorrências do tipo.
Na segunda-feira (17), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também divulgou posicionamento em defesa de Guilherme Amado e em repúdio a Eduardo Bolsonaro.
“(O deputado) sistematicamente tenta descredibilizar o trabalho de jornalistas por meio de ameaças, ataques virtuais e campanhas de desinformação. A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar”, diz trecho da nota.
Fonte: ICL Notícias