A comissão conta com diretores, gestores e técnicos com expertise no tema da Secretaria Municipal de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef), Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) e Implurb.
O “Nosso Centro” se concentra em três grandes estratégias que vão viabilizar novas formas de ocupação com múltiplos usos para o bairro. O plano é uma das metas da gestão de David Almeida e os três eixos são “Mais Vida”, “Mais Negócios” e “Mais História”.
Fachadas ativas e uso misto são conceitos que permeiam todo o plano para o Centro da capital, de ampla revitalização prevista em cinco etapas, com área definida entre a Ilha de São Vicente até a Manaus Moderna. O processo engloba diversas ações estratégicas, muitas simultâneas, com grande sinergia entre secretarias municipais.
“O Centro realmente é uma área muito peculiar. Tem questões de conservação de imóveis de interesse de preservação histórica que não encontramos em outros bairros. É preciso, então, criar ações estratégicas para o desenvolvimento e investimento inicialmente do Poder Público. E posteriormente da iniciativa privada, consolidando a sinergia exitosa entre investimentos públicos e privados”, explica o diretor de Planejamento do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
Fachadas
Quando pessoas se deslocam pela cidade, experimentam as fachadas, as cores, vitrines, espaços, os materiais e o ambiente ao redor. Térreos com fachadas ativas se apoiam no conceito do uso misto para os empreendimentos, unindo serviços, comércio, habitação e lazer. O uso misto é muito importante para reduzir problemas de mobilidade. Outra vantagem é oferecer segurança nesses locais, já que os estabelecimentos passam a funcionar em horário além do comercial, sendo habitados, gerando fluxo de pessoas ao contrário do vazio de movimento em áreas apenas comerciais.
“Uma cidade se torna interessante, quando tem fachadas ativas. Se chama mais o público, se tem maior caminhabilidade. O trajeto fica mais interessante para caminhar. Diversos imóveis hoje fechados na Ilha de São Vicente, além do visual negativo, tem o impacto da situação precária de conservação e abandono, alguns estando em ruínas. E isso causa a sensação de insegurança”, reflete o arquiteto e urbanista.
Essa transformação, para inserir mais pessoas, passa desde a implantação de equipamentos e mobiliários urbanos até culturais e de lazer, além da habitação. “O Centro passou por uma fase de esvaziamento de poderes constituídos, do comércio, de lojas e segmentos que migraram do bairro. Isso provocou uma degradação física, com quadras inteiras vazias, e posteriormente uma degradação humana. Há uma quantidade de moradores de rua, pessoas em vulnerabilidade social, viciados, mendigos e famílias inteiras vivendo na rua”, afirmou Pedro Paulo.
As estratégias do “Nosso Centro” englobam ações de urbanismo, revitalização, de cunho sociais e sustentáveis. “O processo de revitalização que está em formação e em andamento é abrangente. Ele é pautado na sustentabilidade. E a sustentabilidade só ocorre quando se tem a economia, o social e o ambiental equilibrados”, disse o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Investimentos
Muitos investimentos foram realizados de forma pontual no Centro Histórico, requalificando e revitalizando prédios e espaços públicos nos últimos anos nas esferas estadual e municipal. Mas os projetos não englobavam atividades diversificadas para causar uma transformação no tecido urbano, pensando o território como um todo.
“Hoje temos térreos como zonas comerciais, de serviços, e a parte superior, o segundo andar, acaba sendo depósito. Imagine poder reconverter esse espaço para área habitacional? Este é um potencial incrível. E principalmente para pessoas que trabalhem na área central, ajudando na mobilidade. Se você mora perto do trabalho, pode ir a pé, de bicicleta, de transporte público para um pequeno trajeto, reduzindo seu tempo no trânsito e melhorando a qualidade de vida”, comenta Pedro Paulo.
O plano está prevendo habitação para todas as rendas, favorecendo a mobilidade, reduzindo deslocamentos, estimulando a caminhabilidade e o uso de transportes sustentáveis, como a bicicleta. “E nesse trajeto de casa para o trabalho vai se encontrar diversos usos, desde uma loja de perfume, supermercado, mercearia, padaria, cafeteria e tudo mais. O trajeto se torna agradável. Vamos propor transformar as calçadas da Ilha de São Vicente e da área central em trajetos agradáveis, em diversas etapas, com arborização, mobiliário adequado, iluminação, passeio regularizado, sem barreiras arquitetônicas. A observação para a compra se dá pelo pedestre, que passa pela frente do comércio, e não por quem anda de carro, que tem seu foco no trânsito. O conceito é de quem caminha numa calçada observa muito mais o espaço do que alguém dentro de um veículo”, disse o arquiteto.
Os trabalhos do “Nosso Centro” se concentram com a Comissão Técnica para Implementação e Revitalização do Centro Histórico de Manaus, que possui 12 membros e não é remunerada.
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Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Altemar Alcântara / Arquivo Semcom e Divulgação / Implurb
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHsmVxHS2Q