São registrados, anualmente, 42,7 milhões de eventos adversos por ano, nos hospitais em todo o mundo, enquadrados como situações evitáveis, relacionadas à segurança dos pacientes. O tema está sendo discutido em Manaus, por especialistas nacionais e internacionais. A questão é considerada como um grave problema de saúde pública, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e pode acarretar em complicações que evoluam para o óbito.
A programação faz parte do “I Congresso e III Simpósio Norte de Qualidade e Segurança do Paciente”, evento organizado pela Qualipaciente Amazonas. O evento começou nesta quinta-feira (21) e segue até sábado (23), no Centro de Convenções Vasco Vasques, na Avenida Constantino Nery.
A médica intensivista Liane Cavalcante, da Qualipaciente, ressalta que o evento é uma oportunidade para debater e sensibilizar os profissionais de saúde de todos os níveis hierárquicos e segmentos para esse, que é um assunto extremamente importante. Ela destaca que, apesar de fazer parte do plano de ação global da OMS, elaborado em 2021 e com metas a serem cumpridas até 2030, a segurança do paciente ainda precisa ser bastante reforçada em todas as esferas.
Liane Cavalcante explica que eventos adversos é toda situação que ocorre durante a internação do paciente e foge do curso natural. A médica intensivista cita como exemplo infecções hospitalares, erro de medicação ou de dosagem, quedas, entre outras inúmeras intercorrências. “Na maioria das vezes, são situações evitáveis e que podem ser prevenidas com boas práticas, tecnologia, entre outras iniciativas. Uma das ferramentas que mais enfatizamos é a Qualidade da Assistência, que é um conjunto de normas, regido pela Organização Nacional de Acreditação, para que os hospitais tenham uma sistematização do atendimento. Com isso, a chance de erro diminui consideravelmente”, destaca.
Para evitar ou reduzir os eventos adversos é necessário, de acordo com Liane Cavalcante, estrutura, investimento na qualidade, acreditação hospitalar, seguir os protocolos indicados e, principalmente, o envolvimento de todos os profissionais da saúde. “Precisamos fazer como o setor de aviação. Tem um checklist e protocolos que são seguidos à risca. O mesmo vale para o setor de saúde”, compara.
Pensamento estratégico – A palestra de abertura do evento, nesta quinta-feira (21), foi com Carlos Hiran Goes de Souza, CEO da Accreditation Pathways Institute, de Portugal, especialista em Planejamento e Administração de Saúde, membro fundador da International Academy of Quality and Safety in Health Care (ISQUA). Ele falou sobre o tema “Conectando os pontos para a segurança do paciente: pessoas, processos e tecnologia”.
Segundo Souza, é preciso desenvolver o pensamento estratégico em cima do risco, que é algo que naturalmente as pessoas já têm no dia a dia. “Por exemplo, prevendo que a criança pode cair do berço, então, é necessário ter uma grade. Esse pensamento estratégico deve ser levado também para o ambiente hospitalar. A pessoa precisa internalizar essa cultura da mitigação do risco. Lógico que a estrutura e as tecnologias devem estar à disposição dos profissionais”, acrescentou.
Programação – A programação do “I Congresso e III Simpósio Norte de Qualidade e Segurança do Paciente”, prossegue nesta sexta-feira (22) das 8h às 18h e, no sábado (23), das 8h às 12h. A programação do evento inclui conferências, mesas redondas e apresentação de trabalhos, abordando a questão da segurança do paciente, nos âmbitos nacional e mundial.
O evento oferece aos profissionais a oportunidade de networking, de troca de experiência com os profissionais de grande reputação no tema, numa área que é fundamental para a saúde, no estado e no mundo. Entre os assuntos em discussão, estão: Cuidados com o paciente e com a família; Melhoria da Qualidade; ESG na Saúde – resultados e boas práticas associados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); Impactos da Creditação nas organizações de saúde; Transformação digital nos cuidados com a saúde – inovações, telemedicina, telesaúde, inteligência artificial e outros.
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