Escola premiada pela Unesco teme retrocesso após afastamento de diretor em SP

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Uma das escolas municipais mais premiadas de São Paulo e reconhecida pela Unesco, a EMEF Espaço de Bitita, no Canindé, vive dias de incerteza. A decisão da Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Ricardo Nunes (MDB), de afastar 25 diretores de escolas da rede municipal acendeu o alerta na comunidade escolar. Entre os afastados está Claudio Marques da Silva Neto, diretor da Bitita, educador com doutorado e pós-doutorado no Brasil e em Portugal.

A escola, que leva o nome da escritora Carolina Maria de Jesus, se tornou referência no acolhimento de imigrantes, pessoas com deficiência e crianças em situação de vulnerabilidade social. O trabalho desenvolvido é reconhecido nacional e internacionalmente, atraindo pesquisadores e educadores de diversos países interessados nas práticas de inclusão adotadas.

Atualmente, a unidade atende cerca de 800 alunos, a maioria filhos de imigrantes, estudantes com deficiência e crianças de famílias em situação de vulnerabilidade. O nome do diretor Claudio Marques foi publicado no Diário Oficial, com convocação para comparecer à Delegacia de Ensino da região Leste.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, ele deve passar por um processo de “reciclagem”. A comunidade teme que isso leve ao desmonte do projeto pedagógico da escola.

Moradores e responsáveis relatam que a Bitita se destaca por ser um espaço realmente inclusivo, com profissionais preparados para acolher alunos com diferentes deficiências e origens. Muitos afirmam que encontraram na escola um ambiente de respeito e cuidado que não haviam vivenciado em outras instituições.

Nunes

A decisão da Prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), de afastar 25 diretores de escolas da rede municipal acendeu o alerta na comunidade escolar (Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil)

Ato de defesa

Na última segunda-feira (26), pais, professores e alunos organizaram um ato em defesa da escola e da permanência do diretor. Com apoio de parlamentares e entidades, estão recolhendo assinaturas que serão entregues à Delegacia de Ensino da Penha.

A principal crítica da comunidade é que o afastamento teria sido motivado exclusivamente pela queda no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que passou de 6,1 antes da pandemia para 4,8 em 2023, abaixo da média da cidade, que foi 5,6.

No entanto, a realidade da escola influencia diretamente esse indicador. Cerca de 40% dos alunos são estrangeiros, que estão em processo de alfabetização em português. Mais da metade das famílias são atendidas por programas sociais e aproximadamente 20% dos alunos vivem em abrigos ou nas chamadas “Vilas Reencontro”, destinadas a acolher famílias em situação de rua.

Por estar em uma região que concentra muitos abrigos, a escola funciona como uma unidade de transição para alunos que, muitas vezes, nunca tiveram contato anterior com o ambiente escolar. Isso impacta diretamente nos índices de desempenho e evasão, sem refletir a qualidade do trabalho pedagógico desenvolvido.

Afastamento da escola

Doutor e mestre em Educação pela USP e pós-doutorado pela Universidade de Évora, Claudio Marques afirma que foi surpreendido pela inclusão de seu nome na lista de afastamentos e aguarda a convocação oficial para se apresentar. Enquanto isso, a mobilização da comunidade segue, na tentativa de preservar o projeto que transformou a Bitita em referência de educação inclusiva no país.





Fonte: ICL Notícias

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