A analogia acima pode tranquilamente ser utilizada nas eleições amazonenses. Principalmente na disputa pelas prefeituras. O Jogo sujo passou a ser uma constante, um modus operandi, uma certeza de sucesso. Noticias falsas, ataques pessoais, desrespeito à família do adversário. Uma verdadeira indústria de peças publicitárias de baixo calão, de mentiras, de deslealdade. O Antônimo perfeito de cavalheirismo.
E se por um lado a justiça eleitoral arregala os olhos na cidade grande Manaus, por outro faz de conta que não vê, não lê, não escuta e não sente o mau-cheiro das campanhas no interior do estado. E quanto mais longe de Manaus, maiores os absurdos, maiores as baixarias, piores as campanhas absurdas. E enquanto a internet é aliada da educação, da saúde, para a justiça eleitoral a internet não funciona, torna-se sem efeito, sem conexão, inócua e por isso o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas não fica sabendo de nada e não interfere. É isso que nos parece! É isso que nos é relatado!
Os absurdos tornam-se ainda maiores quando as ardilosas manobras são feitas por quem busca a reeleição. A máquina pública, por menor que seja nessas longínquas cidades, fazem a diferença. É o dinheiro público sendo utilizado, direta e indiretamente, para destruir a honra dos adversários e manter no poder aquele que em quatro anos não conseguiu fazer uma administração convincente. Se tivesse sido eficaz não precisaria apelar para tais recursos.
Os exemplos são muitos. Na cidade de Tefé, por exemplo, o prefeito Normando Bessa, numa cruzada desesperada em busca de mais um ciclo de quatro anos no poder, num clima totalmente desfavorável para sua reeleição, já escolheu o alvo a ser batido. Para garantir a reeleição, nada de propostas e projetos, mas ataques, ameaças, ofensas. Com pesquisas em mãos apontando para a alta projeção de Nicson Marreira, é Nicson Marreira, sua família e seus coordenadores de campanha que sofrem os constantes ataques do prefeito e sua trupe. Isso tudo sem a preocupação de estar sendo filmado, gravado ou printado (expressão nova), ou seja, na certeza da impunidade. É uma verdadeira guerra de baixarias e ameaças feitas por quem se apegou ao poder e esqueceu-se de “mostrar serviço”, de cuidar do povo, de zelar pela cidade, uma das mais antigas do Amazonas e também uma das menos democráticas, menos politizadas, onde a população pouco reage, pouco denuncía.
A cidade de Coari, vizinha de Tefé, segue nos mesmos passos da mais velha, porem com muitos milhões de reais a mais, visto que tem a maior arrecadação municipal depois de Manaus, por causa dos royalty´s do petróleo da província de Urucú. Sob a batuta da família Pinheiro, agora com o prefeito Adailzinho(filho de Adail Pinheiro), os coarienses têm vivenciados momentos absurdos nesse período eleitoral, com a força da maquina impondo uma reeleição que no mínimo é imoral, vetada por Lei. A família já está no poder há dois mandatos e busca o terceiro (proibido) consecutivo. A justiça, se operasse como deve, impediria a candidatura e evitaria as ameaças, as pancadarias, as depredações , os abusos de pode econômico e os tiros, como ocorreu na noite do dia 09 de novembro em uma das praças da cidade, quando o candidato Robson Junior fazia uma reunião com eleitores e todos foram surpreendidos por diversos homens, alguns armados. Ameaças foram feitas, uma briga foi iniciada e pelo menos quatro tiros foram disparados. Risco para os eleitores, cidadãos, menores e um crime contra a democracia. Essa é a situação de Coari. Será que a justiça está cega, surda e muda ?
No Rio Purus, em Canutama, os ataques são inversos. Os adversários do prefeito se aproveitam dos fleumáticos secretários e assessores da prefeitura, e desferem ataques de todos os lados, atacando a família e a honra do chefe do executivo municipal canutamense. Contrataram blogs e sites das cidades vizinhas(principalmente Lábrea), escrevem o que querem, da forma que querem, sem o mínimo de tecnicidade e publicam como se verdade fosse e sem dar o direito de defesa ou manifestação ao atacado, nesse caso o prefeito, que esboça pouca ou quase nenhuma reação , visto que seus assessores também carecem de conhecimento e técnica para reagir. Atos de pura covardia e desrespeito ao processo democrático.
A Gestora pública de iniciais R.S.C, quem 2012 decidiu ajudar um parente em uma campanha para vereador no interior, nunca imaginou que passaria por momentos de tanta aflição. “Era como se eu estivesse naqueles filmes feitos no morro do Rio de Janeiro, no meio de uma guerra urbana. Em duas ou três ocasiões durante os dias que ajudei na campanha, cheguei a ter medo de morrer. Isso é um absurdo do tamanho do Amazonas. O pior é saber que tanto a Polícia Militar quando a justiça eleitoral sabem dessas atitudes, mas nada muda”, desabafa.
Os relatos, as filmagens, os flagrantes são muitos. E continuam sendo inéditos, diariamente, enquanto dura a campanha política. E o Amazonas, segue, utilizando a floresta como cortina, para que os crimes eleitorais continuem sendo praticados fora do contexto da democracia. E enquanto a justiça não age, resta o bom humor dos roteiristas e atores amazonenses para passar por mais essa verdadeira tempestade (veja os vídeos produzidos nas guerras do interior). No inicio do mês de novembro, o TSE( Tribunal Superior Eleitoral) autorizou o envio das Forças Federais para diversos estados e munícipios. Vale a reflexão. Imagina se essa falta de respeito continua em crescimento. EM pouco tempo, todas as forças federais serão insuficientes para garantir a segurança no interior do Brasil. A mesma justiça que solicita Forças Federais, precisa com urgência, agir na raiz do problema, ou seja, nos registros de candidaturas.