Um estudo recente com mais de 105 mil adultos sugere que a alimentação pode ser um fator determinante para um envelhecimento saudável. Pesquisadores das universidades de Harvard (EUA), Copenhague (Dinamarca) e Montreal (Canadá) acompanharam indivíduos de meia-idade ao longo de 30 anos e concluíram que dietas ricas em vegetais podem dobrar as chances de chegar aos 70 anos sem doenças crônicas graves e com boa saúde física, mental e cognitiva.
Dieta e longevidade saudável
A pesquisa analisou diferentes padrões alimentares e destacou que, embora não exista uma única dieta ideal para todos, alguns hábitos alimentares favorecem o envelhecimento saudável. As dietas que apresentaram melhores resultados eram baseadas em alimentos de origem vegetal, com consumo moderado de produtos saudáveis de origem animal e baixo consumo de ultraprocessados.
Os dados foram obtidos a partir do Estudo sobre a Saúde dos Enfermeiros e do Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde, e representam um dos primeiros levantamentos de larga escala a correlacionar padrões alimentares com um envelhecimento saudável. No entanto, os pesquisadores reconhecem uma limitação: a amostra inclui majoritariamente profissionais da saúde. Eles recomendam que novos estudos sejam conduzidos com populações mais diversas em termos de origem e nível socioeconômico.

Embora não exista uma única dieta ideal para todos, alguns hábitos alimentares favorecem o envelhecimento saudável (Foto: Reprodução)
Oito padrões alimentares analisados
Os participantes relataram periodicamente seus hábitos alimentares e foram avaliados com base em oito padrões dietéticos saudáveis:
• Índice de Alimentação Saudável Alternativa
• Índice Mediterrâneo Alternativo
• Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão (DASH)
• Intervenção Mediterrânea-DASH para Atraso Neurodegenerativo
• Dieta saudável baseada em vegetais
• Índice de Dieta de Saúde Planetária
• Padrão Empírico de Inflamação da Dieta
• Índice Alimentar Empírico para Hiperinsulinemia
Todas essas dietas priorizam o consumo de frutas, verduras, grãos integrais, gorduras insaturadas, castanhas e legumes. Algumas também incluem quantidades moderadas de peixes e laticínios saudáveis.
O impacto dos ultraprocessados
A pesquisa revelou que apenas 9,3% dos participantes (9.771 pessoas) envelheceram de forma saudável. A adesão a qualquer um dos padrões alimentares saudáveis aumentou as chances de envelhecimento saudável em diversos aspectos, como cognição, mobilidade e saúde mental.
Entre as dietas analisadas, a que teve o melhor desempenho foi o Índice de Alimentação Saudável Alternativa, criado para prevenir doenças crônicas. Os indivíduos que seguiram essa, tiveram 86% mais chances de envelhecer com saúde aos 70 anos e 2,2 vezes mais chances de alcançar os 75 anos com boa saúde. Essa alimentação é caracterizada pelo alto consumo de vegetais, grãos integrais, castanhas e gorduras saudáveis, além da redução de carnes vermelhas, bebidas açucaradas e alimentos processados.
Outro padrão alimentar associado ao envelhecimento saudável foi o Índice de Dieta de Saúde Planetária, que busca equilibrar saúde humana e sustentabilidade ambiental, priorizando alimentos de origem vegetal.
Por outro lado, o consumo frequente de alimentos ultraprocessados — especialmente carnes processadas e bebidas açucaradas, incluindo versões diet — foi ligado a menores chances de envelhecimento saudável.
Conclusão
Segundo Marta Guasch-Ferré, pesquisadora da Universidade de Copenhague e coautora do estudo, os resultados indicam que dietas ricas em vegetais e com moderação no consumo de alimentos saudáveis de origem animal podem promover um envelhecimento saudável.
Anne-Julie Tessier, autora principal da pesquisa e cientista da Universidade de Montreal, reforça que não existe uma única dieta ideal para todos, mas diversas opções saudáveis que podem ser adaptadas às necessidades e preferências individuais.
Fonte: ICL Notícias