Deputado Dermilson Chagas diz que PM não pode ser utilizada pela Amazonas Energia para intimidar os consumidores e que a relação da Polícia Militar com a Amazonas Energia precisa ser esclarecida no âmbito da CPI.
A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) terá de apresentar explicações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Amazonas Energia sobre qual a verdadeira natureza da sua participação no episódio ocorrido no dia 20 de outubro de 2021, por volta das 12h, quando foi acionada por uma das advogadas da concessionária Amazonas Energia para que fosse a uma padaria, no bairro Parque Dez, para, supostamente, auxiliar uma equipe da empresa a retirar o contador de luz do estabelecimento do empresário Marcelo Medeiros de Castro.
A intenção da equipe em chamar a PM, segundo o depoimento do empresário, foi para intimidá-lo e para fazer com que ele autorizasse a retirada do equipamento do estabelecimento. Marcelo Medeiros de Castro também informou que a PM chegou rapidamente ao local, assim que a advogada entrou em contato com eles.
Quando os policiais chegaram ao local, o empresário perguntou se eles teriam vindo com o objetivo de entrar na padaria e retirar o equipamento sem a sua permissão, mas os policiais disseram que vieram com o intuito de que não houvesse briga.
O deputado Dermilson Chagas (Podemos) disse que a rapidez com que os policiais chegaram ao local gera suspeição e que a atitude da PM perante o consumidor é intimidatória. O parlamentar disse que é necessário que seja esclarecida a natureza da relação que a PM tem com a concessionária porque a Amazonas Energia já possui diversas acusações de atitudes de abuso e desrespeito aos direitos dos consumidores, inclusive descumprimento das leis estaduais nº 5.143 e nº 5.145 e a decisão judicial que atendeu a uma ação civil pública proposta pela Defensoria Pública do Amazonas para que não houvesse corte de energia e água durante a pandemia não são respeitadas pela concessionária.
“A impressão que se tem é de que a polícia chega sempre rápido quando é chamada pela Amazonas Energia e nós precisamos de esclarecimento da natureza dessa relação e, inclusive, qual é o canal que a Amazonas Energia está usando para acionar a PM, se é pelos telefones da Polícia mesmo ou se está usando alguma linha direta”, comentou Dermilson Chagas.
Ao final da sessão desta quinta-feira (11/11), o presidente da CPI da Amazonas Energia, deputado Sinésio Campos, informou que a PM terá de encaminhar esclarecimentos sobre a sua participação no episódio. A CPI também ouviu os depoimentos de Izequiel Martins da Silva e Raimundo Alves da Silva, ambos detidos ilegalmente e acusados injustamente de furto de energia. Apesar disso, os dois foram inocentados pela Justiça.
“Tem de ser investigado esse comportamento da Polícia Militar junto com a Amazonas Energia. A empresa sai para fazer uma vistoria e acaba chamando a Polícia Militar para intimidar o cidadão. Outros relatos dizem que os cidadãos são levados para a delegacia e lá recebem voz de prisão e são encaminhados para a penitenciária. Outra situação é que quando o cidadão chega na delegacia, a advogada da Amazonas Energia já está lá denunciando o cidadão. A empresa que saiu para fazer a vistoria já tem uma advogada na delegacia. É de se estranhar isso. Esse mesmo modus operandi acontecia em Roraima e foi detectado pela CPI. Muda só o Estado, mas a forma de operar é a mesma”, concluiu Dermilson Chagas.
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