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Por Douglas Gravas
(Folhapress) – Mulheres e homens mascarados caminhavam pelas ruas do centro de Buenos Aires e de outras cidades da Argentina nesta quarta-feira (28). Inspirados pela série “O Eternauta”, um drama distópico argentino, cientistas se reuniram com máscaras de gás para protestar contra as políticas de austeridade do governo de Javier Milei.
Em 2025, o orçamento para ciência e tecnologia será de apenas 0,152% do PIB (Produto Interno Bruto), o menor registrado, segundo estimativa do Ciicti (Centro Ibero-Americano de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação). Além disso, o financiamento para atividades científicas e o investimento em infraestrutura e equipamentos também minguaram.
Protesto de cientistas contra Milei
Pesquisadores, professores e estudantes se juntaram em frente à sede do Conicet, na região central de Buenos Aires, para chamar a atenção para as dificuldades sem precedentes que estão enfrentando.

Mulheres e homens mascarados caminhavam pelas ruas do centro de Buenos Aires e de outras cidades da Argentina nesta quarta-feira (28). (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
O protesto destacou a crise séria enfrentada pelo setor científico e universitário devido à falta de financiamento e ao congelamento de salários e bolsas de estudo. Os manifestantes estimam que entre 10% e 15% dos pesquisadores do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas) deixaram o país.
Eles se inspiraram na história em quadrinhos argentina “O Eternauta”, que virou um hit ao ser adaptada pela Netflix e com Ricardo Darín no elenco, narra a resistência de um grupo de pessoas que sobreviveram a uma misteriosa tempestade de neve tóxica.
Científicos de CONICET marchan en Buenos Aires disfrazados de ‘El Eternauta’ contra los recortes de Milei: “No hay futuro sin ciencia”.#Ciencia #ElEternauta #Protesta #NoComment pic.twitter.com/pnziCyH4hd
— euronews español (@euronewses) May 29, 2025
“Assim como nessa série que todos estamos vendo, que também mostra a produção argentina, primeiro nos quadrinhos e depois em uma série de TV, uma neve tóxica afeta o sistema científico nacional, gerando todos esses problemas de financiamento”, disse a pesquisadora Silvina Romano à TV argentina.
“A tempestade está avançando, assim como a resistência”, afirmava um dos panfletos distribuídos pelos manifestantes. A mobilização ocorreu em Buenos Aires e em outras oito cidades do país.
Os manifestantes ressaltaram que o sistema científico do país nunca esteve tão ameaçado desde a recuperação da democracia, em 1983.
As nomeações para a carreira de Pesquisador Científico do Conicet foram congeladas e a Agência Nacional de Promoção da Pesquisa, fundamental para o financiamento, desapareceu.
A execução orçamentária no Conicet caiu 20,5% em termos reais nos primeiros quatro meses de 2025. Os recursos de promoção de pesquisa sofreram retração de 73,3% de sua execução orçamentária, e o do Inti (Instituto Nacional de Tecnologia Industrial) caiu 24% no mesmo período, ainda de acordo com o estudo do Ciicti.
Em março, um outro relatório deles apontou que o número de empregos no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação está em declínio acentuado desde que Javier Milei assumiu a Casa Rosada. Desde dezembro de 2023, 4.148 postos de trabalho ligados à ciência deixaram de existir e, só nos últimos três meses, perderam-se 531 postos de trabalho.
O decréscimo, segundo o relatório, é mais acentuado nas empresas privadas e estatais (-10,6%), enquanto os órgãos da administração pública federais apresentam perda de 7,6%. “Esse é um fato extremamente grave se levarmos em conta o nível de profissionalização e especialização do setor”, diz o centro de estudos.
Fonte: ICL Notícias
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