Floriano Lira de Araujo é um trabalhador autônomo, popularmente chamado de camelô. Há 25 anos ele é dono de uma lanchonete, na
rua Guilherme Moreira. Duas décadas e meia no Disney Lanche. Na última semana ele foi pego de surpresa por um aviso de que ele seria retirado do lugar onde trabalha a tanto tempo. O motivo seria a reforma de um imóvel, que está sendo transformado em Galeria e que o dono não quer o lanche no local. “Estou aqui há anos. Tenho todos os documentos, minhas licenças e autorizações, estou numa via pública com autorização da prefeitura, mas estou sendo ameaçado para sair daqui com meu lanche”, diz Floriano.
Com toda a documentação atualizada, o trabalhador buscou ajuda, pelo menos com informações, junto a um dos fiscais da prefeitura. A resposta que ele recebeu foi: “Recebemos ordens para tirar você daqui. Só isso”, conta Floriano. No local da galeria já funcionaram a Amazônia Celular, Armazém Paraíba entre outros empreendimentos, mas os camelôs da região nunca foram perseguidos.
Depois de tanto tempo sem poder trabalhar normalmente por causa da pandemia, Floriano faz um apelo ao poder público constituído: “Se as autorizações e toda essas exigências burocráticas não tiverem validade, porque exigem ? para o que serve ? Tantos camelôs trabalham lá, mas só eu fui notificado. Acho que isso é um pouco direcionado”, questiona Floriano, se referindo a um possível ato discriminatório.
Sem ter a quem recorrer, Floriano é mais um cidadão trabalhador a ser subjugado pelo poder do dinheiro. “É uma coisa de Brasil. Quem tem mais dinheiro manda, mesmo que estejamos amparados pelas leis e pelas regras da prefeitura. Vamos vemos como vai ficar isso. Não sei a quem recorrer”, desabafa.
Para completar o desespero de sêo Floriano, nesta sexta-feira ele recebeu mais uma informação, de que o Ministério Público faz parte dessa ação que pretende tira-lo do local onde trabalha há anos. “Como disse anteriormente, não sei a quem recorrer. Só tenho apoio do nosso sindicato, que é pequeno, mas pelo menos está me orientando. Situação bem difícil e que deve atingir outros pequenos trabalhadores”, lamentou.
Na próxima segunda-feira, de acordo com o representante do Sindicato dos Camelôs do centro de Manaus, uma reunião entre representantes da prefeitura, do Ministério Público, do Sindicato, os donos da Galeria e o trabalhador em questão, deve ser realizada à 10h da manhã, para uma solução do problema. “Vamos pra reunião porque temos que ir. Estou buscando meus direitos, que eu achava que tinha, mas agora percebo que não tenho. Está nas mãos de Deus”, Concluiu o Autônomo.