Pela primeira vez na História do Brasil, um político que ocupou a Presidência da República foi tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. A corte acatou nesta quarta-feira (26) a denúncia da Procuraria-Geral da República que aponta Jair Bolsonaro como líder do plano de ataque à democracia que culminou com a invasão das sedes dos três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.
Além de Bolsonaro, outros seis golpistas do chamado “núcleo crucial”, a maioria militares de alta patente, foram tornados réus.
A decisão do Supremo acontece seis anos depois do início da campanha de Bolsonaro, políticos que o apoiam e integrantes de seu governo contra instituições democráticas brasileiras. Do cargo privilegiado que ocupou, o ex-presidente fez de tudo semear entre os brasileiros descrédito em relação ao Judiciário, e à Justiça Eleitoral em particular.
Contra os adversários, contou com uma eficiente tropa de disseminaçãoi de mentiras nas redes scoiais, que ficou conhecida como “milícia digital”.
Fez mudanças no funcionamento de setores estrategicos do governo para colocá-los a serviço de uma ruptura democrática. Tudo com o apoio de militares de alta patente como Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira e outros
Integrantes da Abin, Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal e outros órgãos governamentais foram cooptados com esse objetivo golpista.
Com financiamento de setores empresariais, em especial de alguns representantes do agronegócio, a organização criminosa (como define o procurador-geral Paulo Gonet) pagou a infraestrutura para mobilizar seguidores fanáticos que causaram distúrbios em vários pontos do país.
Mesmo após a vitória de Lula nas urnas essa tensão foi mantida, como se viu nos confrontos ocorridos em Brasília, tanto no dia 12 de dezembro de 2022, quando houve tentativa de invasão à sede da Polícia Federal e veículos incendiados, quanto no dia 24 de dezembro, quando ocorreu a tentativa de explodir no aeroporto um caminhão de combustível.
Parte dessa massa de manobra foi a turba que invadiu as sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
Muitos desses movimentos só foram possíveis porque Jair Bolsonaro era o presidente do Brasil.
Devoto da ditadura miltar que matou e torturou tantos adversários no país e subjugou as instituições republicanas, de 1964 a 1985, Bolsonaro queria instalar o seu próprio regime de exceção.
Não deu certo.
A democracia brasileira resistiu.
Que a leniência com os golpistas de 64 não se repita e que Bolsonaro e seus apoiadores tenham julgamento justo, porém rigoroso, já que há poucos crimes piores do que trair a democracia de seu próprio país.
Como assinalou o ministro Flávio Dino, em seu voto, “golpe de Estado mata”.
Fonte: ICL Notícias