Os recursos naturais da Amazônia brasileira são reconhecidamente diversificados – embora não totalmente identificados – e detêm, até hoje, um certo mistério quanto ao que podem trazer de benefícios para a sociedade. Mas alguns de seus elementos são bastante destacados e explorados devidos às suas propriedades benéficas à saúde, como é o caso do guaraná, que contém compostos bioativos que aliviam dores, dão energia e controlam os níveis de açúcar e colesterol no organismo, dentre outros pontos positivos. Na região de Maués, interior do Amazonas, o fruto é a marca do município e é produzido por diversas famílias locais que, atualmente, são beneficiadas pelo avanço de uma bioeconomia mais estruturada e que muito pode contribuir com a diversificação econômica da região.
Para aperfeiçoar a fabricação de produtos com base no guaraná, o proprietário da empresa D’Amazônia Origens, Luca D’Ambros, esteve na sede do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) na primeira semana de julho para buscar mais informações sobre como os avanços no campo da bioeconomia e como uma pesquisa avançada podem contribuir com o melhor desenvolvimento da exploração de guaraná da Amazônia.
Recebido pelo gestor do CBA, Fábio Calderaro, e por pesquisadores do Centro, D’Ambros, que é de origem italiana, visitou os diversos laboratórios do CBA e conversou sobre as atividades realizadas em cada junta laboratorial, o que permitiu verificar a atuação do corpo técnico do Centro em diversas frentes, sendo todas relevantes para o melhor desenvolvimento de atividades que estimulem o avanço da bioeconomia local.
A estrutura do CBA, que conta com equipamentos de última geração – sendo alguns encontrados em poucos centros de pesquisa avançada do País e do mundo -, impressionou D’Ambros, que acredita que os estudos conjuntos realizados no Centro podem alavancar uma atividade bioeconômica que muito pode contribuir com a sociedade local. “Vejo que as pesquisas aqui realizadas se complementam e isso é fundamental para sabermos, por exemplo, se um fruto específico pode ser produtivo daqui a uns anos, sem precisarmos aguardar que ele floresça e vejamos se ele realmente é bom ou não, evitando perdas”, afirmou ao conhecer a estrutura de estudo de DNA realizado no CBA.
“Hoje contamos com uma equipe de pesquisadores altamente qualificados e com equipamentos de excelência, que podem ser utilizados para dar suporte a estudos que contribuam para o avanço da bioeconomia, que tem sido cada vez mais reconhecida como atividade econômica de fundamental importância diante de sua sustentabilidade e potencial para contribuir com a diversificação econômica e geração de empregos e renda, especialmente na Amazônia brasileira”, disse Fábio Calderaro.
Atuação conjunta
O gestor do CBA ainda ressaltou que um dos papeis do Centro é justamente atuar em conjunto com diversos parceiros da região para estimular o avanço da bioeconomia local. As pesquisas realizadas no Centro demonstram que a correta exploração dos recursos biológicos amazônicos podem agregar valor em níveis elevados, permitindo o aperfeiçoamento da atividade e gerando benefícios aos produtores locais, além de complementar a economia regional.
Reconhecimento
A cadeia produtiva do guaraná em Maués conta, atualmente, com a atuação de diversos produtores que cultivam o fruto que é beneficiado e tem um mercado em crescente expansão, especialmente após a região receber a registro de Indicação Geográfica, que, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), confere reputação, valor intrínseco e identidade própria a produtos ou serviços que são característicos de seu local de origem, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer.
Fotos: Márcio Gallo