O percentual de mulheres que já tiveram ou terão infecção urinária em algum momento da vida, pode chegar a 80%, conforme dado revelado pela Medscape, plataforma científica de atualização médica, que colocou o tema como o mais pesquisado em seu portal institucional por profissionais da saúde, em março deste ano. O cirurgião urologista da Urocentro Manaus, Giuseppe Figliuolo, explica que a população feminina tem maior pré-disposição à alteração, por conta de uma questão anatômica: a uretra feminina é mais curta que a masculina, o que facilita o acesso de bactérias externas à bexiga.
Ele destacou que os quadros de infecção urinária são, em sua maioria, negligenciados pela população. “As pessoas sentem aquele desconforto ao urinar, ardência, reparam que a coloração da urina está mais escura ou amarelada e se automedicam, o que não é correto, pois, quando tratada de qualquer forma, ou, quando não tratada, a alteração pode evoluir para quadros mais graves, levando, inclusive, à sepse (infecção generalizada) e até à morte, em casos mais extremos em que há a combinação com outros fatores”, destacou.
Segundo Figliuolo, que é doutor em saúde coletiva, apesar de ser mais comum em mulheres, a infecção urinária pode acometer ambos os sexos e em qualquer faixa-etária, ocasionada por uma série de fatores, como. Entre eles, estão: prender a urina por muito tempo, obesidade, prisão de ventre (constipação), doenças da próstata (hiperplasias e câncer, por exemplo) e cálculos renais, popularmente conhecidos como pedra nos rins.
“Até os bebês podem apresentar a alteração. Entre os fatores que influenciam no desencadeamento do problema em crianças, está o uso prolongado de fralda com urina ou fezes, condição propícia para a proliferação de bactérias”, explicou. O uso de fraldas e de sonda também e fator de risco para adultos/idosos, por exemplo. Por isso, o ideal é que busquem a orientação de um urologista sobre como proceder.
O tratamento, em geral, é feito a partir do uso de medicamentos que combatem a infecção causada pelas bactérias no trato urinário. Mas, pode exigir internação e acompanhamento mais prolongado.
Prevenção
Já a prevenção, segundo o especialista, deve ser feita a partir da ingestão de líquido, especialmente água, ao longo do dia – em locais cuja temperatura é muito elevada, como na região Norte do Brasil, consumir água na quantidade ideal (até três litros) é ainda mais importante -, urinar em intervalos de até três horas, tratar a prisão de ventre, urinar antes de deitar à noite ( isso evita que a urina fique presa na bexiga por tempo muito longo), tratar a incontinência urinária e buscar ajuda no caso de quadros de cistocele, também conhecida como bexiga caíra.
Membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Figliuolo destaca que uma vida saudável também ajuda na prevenção. “Manter o peso ideal e praticar exercícios físicos regularmente, além de ter uma alimentação equilibrada e boas noites de sono, ajudam a reforçar as defesas do organismo”, frisou.