Cerca de 20% das internações de indivíduos com Diabetes Mellitus são decorrentes de lesões nos membros inferiores, aponta dado da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (Sbmfc). No ‘Novembro Diabetes Azul’, dedicado à prevenção e ao controle da doença, a enfermeira estomaterapeuta Hanna Beatriz Carvalho, supervisora do Programa Pé Diabético, pela Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), alerta sobre a importância dos cuidados com os pés, considerados essenciais a quem vive com a alteração.
No Amazonas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 5,4% da população adulta, o equivalente a 144 mil pessoas, vivem com convivem com o diabetes. “Mas, ainda assim, pesquisas recentes mostram que 45% das pessoas com diabetes não sabem que têm a doença e só descobrem quando desenvolvem algum sintoma, como dificuldade de enxergar, feridas nos pés e perda de peso”, frisou.
Segundo a Hanna Carvalho, as feridas nos pés, que demoram a cicatrizar ou não cicatrizam, podem indicar o descontrole do Diabetes e resultar em consequências graves à saúde, como problemas de circulação, infecções e até à amputação do membro inferior, dependendo da extensão da lesão. “É algo que pode ser controlado com cuidados como uma alimentação saudável (que inclua a baixa ingestão de doces e carboidratos, tais como farinha e massas), a proteção dos pés com o uso de calçados fechados, a limpeza adequada durante o banho, examinar os pés em local sempre bem iluminado, nunca usar meias com costuras, ter cuidado ao cortar as unhas e garantir que os pés estejam limpos, enxugar bem os pés após o banho e evitar andar descalço”, explicou.
Medir a glicemia diariamente também ajuda no controle e pode sugerir a necessidade de se procurar um especialista. “Alguns sintomas podem indicar a pré-disposição ao aparecimento das feridas nos pés. Entre eles, estão: perda da sensibilidade local, formigamento, queimação, dores nos pés e nas pernas, dormência e até fraqueza nas pernas”, destacou. A enfermeira também explicou que os sintomas podem ser mais evidentes à noite.
A orientação, de acordo com a profissional, é manter um acompanhamento periódico com equipe multidisciplinar, que inclua, por exemplo, médicos endocrinologistas e vasculares, enfermeiros, nutricionistas, entre outros, além de seguir as orientações.
“Aqui em Manaus, o Programa Pé Diabético atua no tratamento e também na prevenção às lesões. É essencial esse trabalho de sensibilização da população sobre a necessidade de controle dessa e de outras doenças crônicas, especialmente nos tempos atuais, em que estamos convivendo com a pandemia da Covid-19, uma doença que pode se agravar se o paciente infectado tiver diabetes e se a doença estiver descontrolada”, frisou.
O Programa Pé Diabético acontece no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM), em unidades como a Policlínica Codajás, e é coordenado pela equipe da Segeam.