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“ABRACEM E RESPEITEM A NOSSA LUTA, ELA NÃO É SÓ PARA A GENTE, ESTAMOS PENSANDO NO FUTURO DE TODOS”, PEDE O INDÍGENA ERIC KARIPUNA

Materia repostada de AMAZONIA.ORG


Na Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, os últimos 72 últimos remanescentes do povo viram o coronavírus adentrar em sua aldeia e infectar oito dos seus integrantes. Segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até o dia 16 de abril, 52.448 indígenas de 163 povos foram infectados pelo coronavírus e 1.038 indígenas perderam a vida para a covid-19.

O karipuna mais velho da aldeia, Aripã, chegou a ter insuficiência respiratória, tendo a necessidade de ficar internado cinco dias no hospital de campanha da cidade no início da pandemia. Ele viveu na época em que os Karipuna não tinham contato com os homens brancos e é um dos únicos que têm como língua o tupi kawahib – ou kawahiba.

Aripã Karipuna, com 74 anos estimados, foi um dos contaminados pela Covid-19 em 2020
Foto: Fábio Tito/G1

O neto de Aripã, Eric Karipuna, que hoje é presidente da Associação do Povo Karipuna (Apoika) também foi um dos infectados, começou a sentir os sintomas em novembro de 2020, entre eles, coriza, falta de ar, dores no peito e na cabeça.

O coronavírus não fez vítima fatal entre o povo, mas despertou o constante medo do extermínio existente. “Nós karipuna somos um povo que ainda estamos em reconstrução, tivemos bastante problemas com contaminação de doenças. Mesmo com toda precaução para não levar covid para ninguém, infelizmente acabou chegando na aldeia”, conta Eric..

A preocupação é resultado de um quase extermínio por conta doenças contagiosas transmitidas durante o processo de contato com a sociedade não indígena protagonizado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Os óbitos entre o povo foram em grande escala, originados por gripes e pneumonia. Em 2017, o Ministério Público Federal denunciou que o povo estava sob risco de genocídio novamente por conta das invasões ocorridas na Terra Indígena (TI).

Entre agosto de 2019 e julho de 2020 a redução na derrubada ilegal de vegetação nativa dentro da TI foi de 49% em relação ao mesmo período do ano anterior, as denúncias feitas a ONU, a Polícia Federal e ações conjuntas com o MPF ajudaram na redução da invasões. “As invasões diminuíram, mas ainda não acabou. Os invasores estão sendo mais estrategistas, não estão invadindo tão próximos da aldeia como estavam antes, estão invadindo mais distante e fora da aldeia”, relata o presidente da Apoika.

Área desmatada no limite da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, registrada em sobrevoo em setembro de 2020 Imagem: Christian Braga/Greenpeace Brasil

O pequeno grupo de sobreviventes, reclama que durante a pandemia houve redução da fiscalização de órgãos ambientais, eles próprios não podiam fazer a fiscalização porque teriam um contato quase direto com os invasores.

Os Karipuna enfrentam outro problema com o governo federal, todos os aldeados já receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus, a luta agora é fazer com que seja liberado a vacina para o povo que vive na cidade. Eles entraram com uma ação juntamente com o MPF, ganharam a causa e agora aguardam todos serem imunizados.

Eric Karipuna aproveita o 19 de abril, data que é destinada para homenagear os povos indígenas, para deixar seu recado para a população brasileira: “abraçem e respeitem a nossa luta, ela não é só para a gente, estamos pensando no futuro de todos. Valorizar o pouco do nosso trabalho, da nossa atividade, valorem os povos indígenas.”

*Foto destaque: Três gerações Karipuna: Batiti, o pai; Eric, o filho; e Aripã, o avô — Foto: Fábio Tito/G1

Por: Nicole Matos
Fonte: Amazônia.org.br

Um ano após entrevistar Eric Karipuna, o site Amazônia.org retoma o contato para mostrar como a pandemia do coronavírus afetou a vida do povo Karipuna

 

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