A gente se vê, será?

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A escuta empática é algo que venho treinando desde que me tornei mãe, há 17 anos. Eu não entendia muito bem o conceito até que comecei a me condicionar a ouvir meu filho sem pensar no que dizer a seguir – para mim isso é um pouco mais desafiador porque meu ofício é sempre pensar na pergunta seguinte.

O treino da escuta empática me ajudou a dizer mais “eu não sei” – já que dispensei a resposta pronta. Lembro da cara de espanto do Vitor, ainda pequeno, respondendo “como você não sabe, mamãe”!

Foi libertador para nós dois.

O outro lado desse aprendizado foi perceber que nós, mulheres, também somos vítimas da falta de escuta empática de parceiros, filhos, colegas, chefes e da família. E à medida que amadurecemos e afundamos em nossas rotinas, também somos menos “vistas” e percebidas.

“Mas a gente se vê todo dia!”

Eu digo ser vista sem precisar de grandes desempenhos, ser ouvida sem precisar gritar, sentir falta sem precisar perder, ser suficiente sem precisar prover, se sentir amparada sem precisar estar quebrada, ser entendida sem precisar explicar, ser desejada sem pré-condições.

Quem está na busca de um novo amor, especialmente depois dos 40, por exemplo, como explica para o moço do outro lado da mesa durante o date que, além de sexo e muito beijo na boca – sim, a gente gosta –, mulheres precisam conversar, ser vistas, ouvidas, consideradas e principalmente, respeitadas.

Outro dia assisti nas redes o relato orgulhoso de um exemplar defeituoso. O rapaz em questão conta que seu método na balada para “se dar bem” é focar sempre na menina mais “alegre” da pista, mais “falante”, mais “solta”, mais “gata”. Se trocar “menina” por “vítima”, acho até que faz mais sentido. Diagnóstico: falta intenção (boa), repertório e até caráter para conquistar uma mulher, não?

Pois é, estar ao lado de uma mulher não é para qualquer um. Agora, querer “ter” uma ainda é o foco de muito homem (zinho) por aí. Quando esses machos aprenderem a diferenciar os verbos “ter” e “estar”, teremos relações mais saudáveis, espero.

Comecei falando de escuta empática e maternidade para chegar à invisibilidade, porque muitas vezes parece mesmo que andamos em círculos. Mas sigamos, mulheres… rebeldes, pensantes e atuantes!



Fonte: ICL Notícias

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