O texto de regulamentação da reforma tributária, que prejudica a Zona Franca de Manaus, foi votado favoravelmente pelo deputado federal Silas Câmara (Republicanos), causando descontentamento entre os demais membros da bancada do Amazonas. Um vídeo foi publicado pelo deputado na quinta-feira (11) para tentar acalmar as críticas, afirmando que a situação será resolvida no Senado.
Na quarta-feira (10), pouco antes da votação do PLP 68/2024, os deputados do Amazonas se reuniram para decidir votar contra o texto, já que a maioria das sugestões favoráveis à ZFM não foram aceitas. Silas Câmara, ausente na reunião, votou a favor do texto, diferentemente dos sete outros deputados federais do Amazonas. A decisão de Silas causou irritação imediata entre os parlamentares, que queriam demonstrar uma posição unida contra a proposta que enfraquece a competitividade da Zona Franca.
O senador Omar Aziz (PSD), líder da bancada, questionou os deputados via WhatsApp se todos haviam votado ‘não’ à regulamentação. Ao saber que Silas Câmara votou a favor, Aziz respondeu com um xingamento.
Os deputados do Amazonas acreditam que o voto de Silas Câmara foi motivado pela isenção tributária concedida aos templos religiosos no texto. Houve um acordo com o partido Republicanos, do qual a maioria votou a favor da regulamentação. Silas Câmara, pastor e presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, negou que seu voto tenha sido influenciado por essa isenção.
A bancada evangélica ficou dividida na votação: 91 votos contrários e 90 favoráveis. Os deputados do Amazonas, Átila Lins, Capitão Alberto Neto e Sidney Leite, que também integram a bancada evangélica, votaram ‘não’ ao PLP 68/2024.
A votação favorável à urgência da regulamentação, na terça-feira (9), também foi apoiada por Silas Câmara, o que reduziu a capacidade de negociação do Amazonas. Em vídeo, Silas afirmou que sempre defendeu a Zona Franca de Manaus e que o processo legislativo ainda será aperfeiçoado no Senado, sem prejudicar o modelo econômico do Amazonas.
Silas Câmara foi questionado sobre a isenção tributária a templos religiosos, mas negou que seu voto tenha sido influenciado por isso, atribuindo as críticas a “aproveitadores da política”.
Em outras ocasiões, deputados do Amazonas também se posicionaram contra a Zona Franca. No ano passado, durante a votação da reforma tributária, Capitão Alberto Neto (PL) votou contra o texto que garantia a ZFM, seguindo a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e foi chamado de “traidor” por colegas de partido.