Texto : Denison Alves Fotos: Divulgação
Mateus Segadilha, 40 anos, é um amazonense, profissional de educação física, atleta e professor de lutas. Iniciou sua carreira na Associação Monteiro Jiu-jitsu em 1993 da qual é membro até hoje. Durante este tempo Segadinha adquiriu diversos títulos, dentre eles; Campeão Sul-americano e Tri Campeão Mundial. É Campeão Brasileiro e Campão Paulista. No Amazonas conseguiu todos os títulos, um total de 27 Amazonenses em sua categoria. Ao todo, são mais de uma centena de medalhas de ouro em competições dentro e fora, do Amazonas e do Brasil.
“São muitos anos dedicados ao JiuJitsu, a arte que eu amo e que me abriu tantas portas. Essa paixão foi quem me guiou durante toda a minha vida”
Mas nem só de vitórias vive um atleta super campeão como Mateus Segadilha. A rotina de treinos, além de exigir foco e determinação, acaba por deixar marcas. Cicatrizes que são como o carimbo de um atleta vencedor, no caminho rumo aos títulos.
“A caminhada é na maioria das vezes mais importante do que o titulo, pois o quenos molda não é a vitória, mas a dedicação e disciplina para conquista-la”, afirma Segadilha.
E apesar de experiente e vitorioso, Segadilha foi pego de surpresa, por mais uma situação do esporte brasileiro. No dia 31 de agosto, quando participava do Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Profissional em fortaleza/CE na modalidade NoGi, luta sem kimono e Gi, com quimono. Após ter conquistado mais um campeonato mundial sem quimono , na segunda competição, o campeão amazonense teve fratura na parte próxima do rádio e cabeça do rádio com luxação de cotovelo. Para um dos esportes mais exigentes do mundo, um acidente grave, devido a região e o tempo de recuperação. Segadilha, sabia da gravidade do problema, mas não imaginava que o pior ainda não tinha ocorrido, o descaso dos dirigentes e das autoridades com os atletas que se machucam.
É que nesses casos, os organizadores do evento apenas transportam os machucados até o serviço de urgência, no caso de Mateus, o serviço público de saúde. Ele foi encaminhado ao Hospital José Frota (HJF), onde foi atendido na emergência, fez todos os procedimentos iniciais e em seguida encaminhou ao centro cirúrgico, onde foi informado que em dois dias já estaria a caminho de Manaus. Mas o acaso, e a falta de legislação própria que obrigue os dirigentes a acompanharem e até arcarem com as custas medicas, aplicaram um duro golpe no amazonense.
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Obrigado a ficar no hospital publico, Segadinha ficou internado por dois dias juntos com bandidos que por coincidência deram entrada no Pronto Socorro após troca de tiros com a Polícia Militar cearense. Por conta disso não foi operado a fratura, que ja era grave, piorou. Com o organismo debilitado, a pressão sanguínea no braço quebrado o colocou em outro tipo de urgência, a vascular. Mateus abandonou a enfermaria e deu entrada mais uma vez no mesmo pronto socorro com outra urgência, pois não aguentava mais de dor. Foi operado às pressas para não ter o braço amputado e a questão ortopédica e funcional ficou a segundo plano. Hoje, passados alguns meses do incidente, Mateus Segadilha ainda está com a parte fisiológica comprometida.
“Precisei fazer enxerto com pele da minha perna para poder fechar meu braço. Aqui em Manaus o ortopedista avaliou que meu braço sarou de maneira errada. Hoje, mais de três meses depois, estou com os ligamentos todos rompidos e terei que fazer mais de uma cirurgia. E praticamente tudo, por minha conta”, desabafa.
O desabafo do atleta/professor não é direcionado aos dirigentes esportivos, mas ao sistema como um todo. Na visão de Mateus e de outros atletas que ja passaram por situação semelhante, o Brasil precisa aprovar Leis que amparem atletas amadores e profissionais quando problemas como o dele ocorrerem.
“No meu caso , pedi ajuda da secretaria e de estado e da secretaria de esportes de Manaus. Não me ajudaram ! Não tem nada que os obrigue a ajudar institucionalmente um atleta. Sabemos que o esporte não ganha prioridade na agenda politica brasileira, mas também sabemos da importância do esporte para o Brasil. Imagina se não fosse a ocupação das crianças nas escolinhas de artes maciais, de futebol, de atletismo. Então, esperamos que um dia o Brasil tenha Leis quem protejam os atletas. Ninguém merece passar pelo que passei, sem o apoio das federações, das secretarias, do governo do estado. do jeito que está, é injusto, pois nos dedicamos muito, ajudamos a sociedade, ganhamos pouco e não somos amparados por ninguém”, finalizou.