16 países e UE suspendem compra de frango

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A confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro (RS) levou à suspensão das exportações brasileiras de carne de frango e derivados para 16 países e para os 27 integrantes da União Europeia. O anúncio foi feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária na segunda-feira (19), em meio a uma mobilização do governo federal para conter os impactos econômicos da medida e restringir o embargo apenas às áreas afetadas.

Entre os países que suspenderam as importações de toda a produção avícola brasileira estão México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina. Outros, como China, Rússia, África do Sul, Peru, Bolívia e Sri Lanka, adotaram a medida em cumprimento a acordos sanitários internacionais. Já nações como Cuba, Bahrein e Reino Unido optaram por restringir as compras apenas ao estado do Rio Grande do Sul.

O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, abastece cerca de 160 mercados globais e detém 39,3% do market share internacional, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

À reportagem de O Globo, o presidente da entidade, Ricardo Santin, disse que a estratégia do setor será redirecionar os embarques para países que não impuseram restrições ou que aceitaram o chamado zoneamento sanitário, limitando o embargo a um raio de 10 km ao redor do foco da doença.

Medidas de contenção contra a gripe aviária

Desde a identificação do foco no Rio Grande do Sul, outros sete casos suspeitos foram registrados em estados como Tocantins, Santa Catarina, Mato Grosso e Sergipe. Apenas um foco foi confirmado em granja comercial até o momento.

As demais ocorrências envolvem criações de subsistência ou já foram descartadas. Em Montenegro, cerca de 17 mil aves foram abatidas, e todos os ovos foram destruídos como parte do protocolo de contenção.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltou que o Brasil tem histórico de excelência sanitária e defendeu a adoção do zoneamento como alternativa eficaz. “Nosso sistema é o melhor do mundo. Em quase 20 anos de circulação global do vírus, o Brasil conseguiu evitar sua entrada no plantel comercial até agora”, afirmou.

Disputa comercial pode favorecer o Brasil

Especialistas apontam que o Brasil pode usar seu peso no mercado internacional como argumento para reverter ou suavizar os embargos. Marcos Jank, professor de agronegócio global no Insper, disse ao O Globo que considera que a maioria dos países tende a aceitar a compartimentalização como solução viável. “Essa tecnologia já é usada em outros setores e deveria ser mais difundida também na avicultura”, defende.

No caso da China, que impôs um embargo de 60 dias, há expectativas de maior flexibilidade. Analistas como José Carlos Hausknecht, da consultoria MB Agro, avaliam que a disputa comercial com os Estados Unidos, que são taxados em 10% nas exportações para o mercado chinês, pode levar Pequim a suavizar a postura com o Brasil. “A substituição do Brasil é difícil, e a pressão sobre os preços internos na China pode forçar uma reavaliação”, diz.

Efeitos no mercado interno

A ABPA acredita que a suspensão das exportações não deve provocar impacto significativo nos preços do frango no mercado brasileiro. Produtos com menor aceitação no consumo interno, como pés de frango — que representam uma parcela importante das exportações para a China —, poderão ser redirecionados para a produção de ração animal, segundo Ricardo Santin, presidente da entidade.

“Não há expectativa de perdas comerciais generalizadas. As vendas podem ser remanejadas ou estocadas, sem pressão relevante sobre o mercado interno”, garante o dirigente.

O governo brasileiro e o setor produtivo seguem monitorando os desdobramentos sanitários e comerciais do caso, apostando na rápida contenção do surto e na recuperação das exportações nos próximos meses.





Fonte: ICL Notícias

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