Acordo EUA-China deve elevar dólar e afetar inflação

0
1


gerando áudio…

00:00 / 00:00

1x

Enquanto os mercados financeiros globais disparavam no embalo otimista com o anúncio do acordo entre China e Estados Unidos, o Ibovespa teve alta bem magra e o dólar subiu 0,43%, fechando a R$ 5,679. Este último é o principal efeito da trégua anunciada entre as duas maiores economias do mundo: avanço da moeda norte-americana com impactos na inflação brasileira, o que pode tardar a redução da taxa básica de juros, a Selic.

No fim de semana, China e Estados Unidos concordaram em suspender por 90 dias as sobretaxas anunciadas pelos países, e até anunciaram a redução das alíquotas em 115% enquanto seguem negociando.

Na segunda-feira (12), o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, comemorou o acordo. “É muito bom que haja um entendimento entre Estados Unidos e China, os dois maiores PIBs do mundo, economias importantíssimas. O governo do presidente Lula defende o multilateralismo e o livre comércio. O comércio exterior é emprego e renda, e quem ganha é a população”, afirmou.

Ele também disse esperar que a taxa básica de juros “caia fortemente”, ao responder a uma pergunta sobre a inflação de alimentos. Segundo Alckmin, o cenário inflacionário no ano passado foi resultado de preços pressionados principalmente em razão do clima, que gerou quebras de safras, e do dólar em altos patamares – processos que, para ele, foram revertidos.

“Os dois cenários mudaram, o clima até agora está ótimo, nós devemos ter uma superssafra e o dólar caiu de R$ 6,20 para R$ 5,70. Então, o que eu espero é que, da mesma maneira que a Selic subiu, ela também caia fortemente. Porque ela limita a atividade econômica e tem um efeito duríssimo na dívida pública, porque 41% da dívida pública é atrelada a Selic”, disse.

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a Selic de 14,25% para 14,75% ao ano (alta de 0,50 ponto percentual). A expectativa do mercado financeiro, conforma aponta o Boletim Focus do BC, divulgado ontem, é de que não haja nova alta da taxa.

Nesta manhã de terça-feira (13), o BC divulgou a ata da última reunião sem dar sinais de como serão os próximos passos.

Fontes da Fazenda apontam que dólar ganha força com acordo EUA-China

Apesar do entusiasmo de Alckmin, fontes do Ministério da Fazenda ouvidos por reportagem do UOL admitem que, no curto prazo, o dólar ganha força. “Depende muito de como isso vai avançar. Mas a valorização do dólar pode se reverter facilmente de novo dependendo do que aconteça lá na frente”, disse um alto assessor do ministro Fernando Haddad.

Já outra fonte da Fazenda ouvida pela reportagem argumentou que o efeito desinflacionário vai perdurar: “Ele já está acontecendo, talvez a intensidade se reduza, mas o petróleo a US$ 65 ainda assim é bem melhor para preços do que a US$ 70 ou US$ 75. A produção da Opep+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] aumentou bem e a economia global dá mais sinais de desaceleração do que ao contrário. A tendência do petróleo é de queda, por mais que oscile para cima como hoje. Mas o dólar pode parar de cair, sim”, frisou.

Sobre a taxa Selic, o alto assessor de Haddad pontuou que “o que o Banco Central vai fazer de agora em diante não tem muita relação com isso [guerra comercial e preços]. Até pode dar mais 0,25 p.p., mas o fim do ciclo já está contratado”.

Esse movimento, na avaliação desse assessor, será positivo para o Ibovespa. “Devemos bater e consolidar patamar recorde da Bolsa no Brasil”, conclui.

Especialistas entrevistados pela reportagem veem que, de modo geral, o dólar, pode sim, se valorizar, assim como petróleo e commodities. Porém, pontuam que a visão de que a moeda e os ativos norte-americanos são portos seguros ficou arranhada com a guerra tarifária deflagrada por Donald Trump.

 





Fonte: ICL Notícias

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui