Brasil toma lugar dos EUA nas exportações de soja à China

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Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil deu um jeito de ocupar o espaço deixado pelo primeiro país nas exportações de soja ao gigante asiático. Cerca de 40 navios com soja brasileira devem atracar no porto chinês de Zhoushan em abril, um aumento de 48% em relação ao ano passado. O Brasil já é o maior exportador da commodity à China.

A informação foi dada pela emissora estatal chinesa CCTV, em uma rede social, na segunda-feira (28).

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sobretaxas que podem chegar a 145% sobre produtos chineses, a China tem revidado às medidas e, até o momento, não há sinal de que os dois países vão se sentar à mesa para negociar.

Ontem, o vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Zhao Chenxin, disse a jornalistas que os grãos produzidos pelos EUA, como a soja, o milho e o sorgo, “podem ser facilmente substituídos”.

“Mesmo sem as compras dos EUA, não haverá muito impacto no fornecimento de cereais à China”, complementou Chenxin.

“A China passou a diversificar suas fontes de grãos nos últimos anos e passou a comprar mais soja brasileira, à medida que a guerra comercial desencadeada pelas tarifas do presidente Donald Trump torna inviáveis ​​as compras de safras dos EUA”, completou.

Segundo a CCTV, serão descarregadas 700 mil toneladas de soja brasileira em abril, um aumento de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) mostram que houve uma alta de 7% nas vendas de soja em grão para a China, entre janeiro e março deste ano, em relação a igual período de 2024.

Na semana encerrada em 17 de abril, a China comprou apenas 1.800 toneladas de soja dos EUA, após 72.800 toneladas na semana encerrada em 10 de abril, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

Guerra comercial: Haddad vê oportunidade ao Brasil

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Fernando Haddad (Fazenda). Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Durante participação em um evento de um banco na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil é uma economia grande demais para ser satélite de qualquer outro país.

Ele vê na guerra comercial deflagrada por Trump “uma oportunidade para o Brasil fazer valer sua diplomacia comercial e obter vantagens bilaterais”.

O governo brasileiro tenta negociar com a gestão Trump enquanto a aplicação das sobretaxas foram suspensas. Mas os EUA já estão de olho no aumento da negociações comerciais entre Brasil e China.

A estratégia do governo será manter canais de comércio com os três grandes blocos: Estados Unidos, China e Europa.

Haddad disse que o Brasil ganhou credibilidade no exterior ao se adequar às boas práticas de transparência e governança da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e, com isso, deve haver um impulso no acordo do Mercosul em caminhos de sacramentação com a União Europeia.

“Conversei com o ministro das Finanças da França [Éric Lombard] e vi uma abertura maior”, afirmou Haddad, que encontrou Lombard na véspera do tarifaço decretado por Trump, em 2 de abril.

Haddad pontuou que a situação de incerteza econômica no mundo dificulta o planejamento do governo, mas argumenta que a habilidade diplomática do presidente Lula é um trunfo. “O presidente tem muita autoridade junto ao G20 [fórum das 20 maiores economias], tem uma boa interlocução com os europeus… é uma pessoa que não tem portas fechadas, porque entende o papel do Brasil no cenário global”, frisou.

O ministro ainda lembrou que a projeção é de que, ainda neste ano, o Brasil aumente a exportação de commodities agrícolas, devido às projeções de safra recorde, e também aumente os embarques de minerais críticos como cobre e zinco. “Brasil sempre patinou no mercado externo e deu um salto nessa área”, disse.

 





Fonte: ICL Notícias

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