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Entre o cego que não sou e o idealista que não posso ser! Por NAILSON CASTRO

Texto publicado em 05 de maio de 2013 na Coluna de Nailson Castro, no extinto BLOGDAAMAZONIA, que foi substituído pelo PORTAL CORREIODAAMAZONIA.

 

Essa semana eu estive no ginásio Amadeu Teixeira, na capital amazonense. Fui ver algumas partidas dos Jogos Estudantis 2013, na modalidade futsal.  Esse ginásio está para o futsal  como o antigo Vivaldão estava para o futebol de campo: “um sonho” jogar nele.

Mas a diferença é que ao pisar em quadra, o sonho rapidamente se transforma em  realidade. Uma triste e escorregadia realidade. Nenhum jogador consegue ficar plenamente equilibrado. Caem constantemente, como se estivessem calçados com patins ou brincando em um pátio cheio de sabão.  A administração do ginásio sabe desse problema, pois muitos funcionários assistem aos jogos. Mas a organização dos jogos não leva isso em consideração. E apesar das dificuldades impostas aos alunos atletas, sorriem como se a missão tivesse sido plenamente cumprida. A mim causa vergonha essa falta de preocupação com o bom futebol e principalmente com a integridade física desses jovens.

 
Da mesma maneira, agora no profissionalismo amador do futebol amazonense, vejo o Nacional Futebol Clube, mais uma vez, sem seguir orientação do bom senso, investir muito dinheiro no profissional. Investimento que não está totalmente errado, mas que se torna inócuo quando feito em um clube que não tem futebol de base. Como o nome mesmo já diz, a base é a base do sucesso. A base é a sustentação. A base é a revelação de tudo. E nada dará certo por mais de um ano se a base não receber a devida atenção, com a devida seriedade. Esse ano o Leão da Vila pode até ser campeão do mundo, mas não se comportará como tal. Pode vencer a Copa do Brasil, mas não se manterá. Pode até subir para a série C, mas não conseguirá outros êxitos. Tudo isso por falta de base.  Essa prática de altos investimentos no fim do processo(futebol profissional), que consegue algumas poucas vitórias efêmeras, geram na velha cartolagem um grande sorriso estampado no rosto e na fiel e cega torcida, esperança desesperançada. No entanto a mim causa vergonha! Já foi tudo exposto e esmiuçado!  Mas “eles” continuam com as mesmas práticas e colhendo os mesmos, ou nenhum, resultados.
 
No bairro Santo Antônio o estádio Ismael Benigno e todas as suas histórias estão sendo apagados. No lugar está em construção um novo complexo, que ficará sob a administração do governo do estado por 20 anos. Maior, mais bonito, mais pomposo. Voltamos então ao ponto anterior. Se não for desenvolvido um sério trabalho de base na equipe do São Raimundo, o clube nunca mais subirá de divisão nacionalmente e aí, além da Arena da Amazônia, teremos outro elefante branco.
 
Na Vila Olímpica de Manaus, mais um Centro de Alto Rendimento está inaugurado e em atividade. Dessa vez o de vôlei de praia. Irão treinar sistematicamente, evoluir tecnicamente, subir degraus ! Mas se “tudo” não estiver previsto nos orçamentos, de nada adiantará. Será a repetição do que ocorreu com Israel Barreto e Mario Costa, que se mantiveram com muita honra entre os primeiros lugares do ranking nacional, mas que não conseguiram representar o Brasil em nenhuma olimpíada porque não tinham passagens aéreas(ônus Amazônico) para pontuarem em competições internacionais. E essa falta de planejamento em relação a esse tal ônus Amazônico, que se repete anualmente, me causa vergonha. Esperava que a Secretária Alessandra Campêlo se antecipasse ao problema e que conseguisse mudar essa história.  Infelizmente ela foi apenas mais uma a se aproveitar do esporte. Nenhum resultado de verdade nos trouxe.
 
Fabricio Lima, na mesma mão de seus antecessores, segue perpetuando essa história à frente da Secretaria Municipal de Esportes. Realizou, realizou e realizou.  Quanto a resultados realmente significativos, não conseguiu fazer quase nada. Tem feito muito, para poucos. Nesse muito que fez,  pouco nos agradou. Mas não podemos deixar de observar pelo prisma do “fazer”.  Se não foi certo, a prática deveria ajudá-lo a se aperfeiçoar e acertar.  Tempre teve boa energia, necessidade política, entendimento esportivo e uma equipe pra lá de disposta, à qual elogio pela pessoa de Thiago Durante. Tudo é uma questão de boa vontade !  Fabricio teve boa vontade, mas a motivação sempre foi outra$$.

E assim sucederam e assim vão se suceder. Escrevam aí:  Essas nossas secretarias de Esporte ainda irão acabar um dia e quando acontecer, não será um acontecimento, tipo um raio. Será uma realização, um resultado, construído durante muito tempo de desserviços.

É isso ! Enquanto alguns sentem orgulho do nada, os idealistas sentem vergonha do tudo.  Em minha atual fase, me percebo no meio termo. Quero manter-me nessa linha intermediária, para que minha cegueira não me torne um tolo e pra que meu idealismo não me afunde. Só nesse caso esforçar-me-ei para ser medíocre. Preciso aprender a sorrir diante do pouco, que aos olhos da maioria parece muito.

Nailson Castro é Jornalista, Radialista, Cronista Esportivo, Estudante de Direito. Atuou como repórter esportivo Na Tv Amazonas, Radio Amazonas, Jornal O Estado do Amazonas, Jornal Correio Amazonense, Jornal Acrítica, Tv Diário, Portal Norte de Notícias. Nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006 foi eleito pela ADA – ASSOCIAÇÃO DAS FEDERAÇÕES E CONFEDERAÇÕES ESPORTIVAS DO AMAZONAS, como o Melhor Jornalista Esportivo do Amazonas. Foi premiado por seis anos com MÉRITO ESPORTIVO, Prêmio Idealizado pela Secretaria Estadual de Esportes de Juventude Esporte e Lazer (SEJEL) Em 2019 foi um dos agraciados com o prêmio PROFISSIONAL DA IMPRENSA ESPORTIVA. Trabalhou como assessor no Instituto de Terras do Amazonas, Secretaria de Produção Rural do Amazonas, Agencia de Desenvolvimento Sustentável e Secretaria de Esportes do Estado. Atualmente exerce a função de Assessor de Comunicação e presta serviços para diversas entidades em Manaus e no interior do Amazonas.

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