Uma imagem chamou a atenção de quem esteve de olho nas Olimpíadas de Inverno nesta semana e despertou novamente o debate sobre o futuro destes esportes frente à crise climática. Durante a competição de esqui em estilo livre, enquanto os atletas faziam piruetas no ar, a imagem revelava, ao fundo da pista construída para os jogos, três enormes chaminés da hoje desativada siderúrgica Shougang, cujas atividades foram encerradas em 2008, devido a preocupações com a poluição do ar na capital chinesa.
O Independent, em tom mais crítico, associou a imagem ao colapso climático e apontou para a construção de cenários com neve artificial criando caminhos falsos diante de uma “paisagem desértica”.
Embora apresente temperaturas adequadas para os jogos, a região sofre com a escassez hídrica e busca água cada vez mais longe para abastecer os mais de 400 canhões de neve que exigem pelo menos 49 milhões de galões de água. Segundo o Washington Post, o que limita a queda de neve na região é a monção do leste asiático. De acordo com o New York Times, trilhões de galões de água estão sendo canalizados anualmente do sul úmido chinês para a região em torno da capital.
O Climate Home News relembra que a cidade, hoje com 20 milhões de habitantes, reduziu significativamente a poluição do ar nas duas últimas décadas. Entretanto, a poluição não acabou, só mudou de lugar. A queima de carvão para a produção de aço da fábrica que chamou a atenção da imprensa quando entrou na imagem dos jogos olímpicos, foi transferida para a província de Hebei, a poucas horas de carro dali.
Essa não foi a primeira e nem será última vez que canhões de neve precisarão ser usados para tornar os jogos de inverno seguros para os competidores. O Quartz citou novamente um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Waterloo mostrando que poucas cidades que no passado sediaram as Olimpíadas de inverno poderão sediar estes jogos dentro dos próximos 60 anos, devido às mudanças dos padrões climáticos ocasionados pelas emissões de gases de efeito estufa.