O 20 de novembro foi escolhido para a data por fazer referência ao dia em que Zumbi dos Palmares foi morto. O líder do Quilombo de Palmares, se tornou símbolo de resistência e preservação dos costumes africanos dos escravos que conseguiam vencer o cativeiro.
Embora vejamos com muita frequência que “comemoramos” o dia da consciência negra em 20 de novembro, a data na verdade é muito mais motivo de reflexão do que de qualquer celebração. Trata-se de um chamamento para que a sociedade brasileira volte sua atenção para a contribuição dos negros na construção da nossa nação.
material republicado de Estuda.com
A data da morte de Zumbi dos Palmares, surgiu de debates acadêmicos em que movimentos negros demandavam uma dia para reflexão e conscientização sobre a história dos povos que realmente construíram a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, esses debates questionavam a legitimidade do 13 de maio, data em que foi abolida a escravatura. Afinal, seria uma data símbolo de um ciclo tão doloroso, algo bom para o despertar da consciência? Vale lembrar que apesar de libertos, os agora ex-escravos não receberam nenhum amparo do Estado e acabaram ficando a margem da sociedade em politicas públicas, respeito, inclusão e valorização social até atualmente, momento em que o debate racial continua extremamente necessário e importante.
Zumbi, sem dúvida alguma, é um dos grandes heróis do Brasil, filho de negros que foram escravizados, ele foi o último líder do “quilombo dos palmares” o maior e mais duradouro quilombo da história do Brasil.
Zumbi resistiu bravamente por quase vinte anos a frente do quilombo, até que foi morto em 20 de novembro de 1695, entrando para história como o maior símbolo da luta dos escravos pela liberdade e mais tarde como ícone negro na luta contra o rascismo.
Porque falar sobre Consciência Negra?
O dia da consciência negra é importante pois a sociedade brasileira volta sua atenção ao segmento social e populacional mais atingido pelas mazelas crônicas do país, como: fome, violência, desigualdades sociais e econômicas. E tudo isso como resultado de quatrocentos anos de atrocidades que marcaram o violento processo de escravidão no Brasil.
Assim como em movimentos oriundos dos Estados Unidos (Black Lives Matter, Black is Beautiful) e Sul Africanos, o dia da consciência negra carrega não a leveza de uma comemoração, mas o peso da necessidade de reflexão de toda sociedade. Serve para chamar a atenção para um problema que ainda está bem longe de acabar e precisa de ações incondicionais de todas as esferas da sociedade para ser diluído e finalmente se tornar passado.
Vivemos em um mundo de disputas de espaços e de disputas políticas. Nossa sociedade é marcada pela desigualdade socio-econômica, produto de quatro centenas de anos em que a população negra foi roubada de si, violentada e no final do processo, abandonada pelo poder público. O dia da consciência negra é acima de tudo sobre ouvir o que a maioria da população brasileira tem a dizer. Somos um país de maioria negra e fechar os olhos para isso é fechar as portas para nossa identidade. Devemos amplificar a voz dos movimentos negros e reconhecer o pertencimento daqueles que construíram nossa nação.
Dia da Consciência Negra é reivindicação social desde a ditadura