Está de volta a Manaus o treinador de futebol Jacson Lira. Ele veio à capital Amazonense chancelar uma parceria com o Barcelona Brasil e Projeto Atletas com Cristo, para receber no Rio de Janeiro (onde reside) e em Portugal (onde residiu por 15 anos), atletas com potencial para profissionalização. Na última semana observou alguns atletas e fez contato ainda com o clube 3B da Amazônia, voltado par ao futebol feminino.
Para os responsáveis pelos atletas amazonenses, Nedson Silva , Lúcio Silva e Bosco Brasil Bindá, o acordo serve como estímulo, tanto para o atletas quando para os seus familiares, que em sua maioria não acreditam, como deveriam e gostariam, no futebol amazonense. Jacson Lira, que já atuou como técnico da base em vários países da Europa, afirma que há muito potencial, porém quase nenhum investimento.
“O sentimento de descredito das famílias é normal ao meu ver. Basta olhar o campeonato amazonense de futebol e constatar que aqui não existe categoria de base. A federação não exige e os clubes seguem sem semear o futuro. Futebol é riqueza em qualquer lugar do mundo. Mas talento não tem em todo lugar. Manaus tem os dois e não aproveita”, como já fizeram nas décadas de 60, 70 e 80 aqui.
Jacson Lira é ex-jogador do Vasco da Gama e Bangu, no Rio de Janeiro, e atuou em diversos clubes brasileiros fora da Cidade Maravilhosa. Atuou ao lado de atletas consagrados nacional e internacionalmente como Zé do Carmo, Mazinho, Romário, Ézio, Ricardo Pinto e veio para o Amazonas no início da década de 1990 quando ainda atuou como jogador profissional.
“Não gosto muito de falar dos clubes daqui pois me machuquei e não pude contribuir como todos esperavam. Era um futebol muito forte ainda, dominado por dois clubes, mas já dando sinais de mudança e enfraquecimento. Fui pra Portugal e quando voltei a situação estava bem pior. Não tem outra saída para o futebol, em qualquer lugar do mundo, se não for trabalhar a base com seriedade. Mas aqui quem deveria exigir isso ainda não exige. Clube profissional tem que ter categoria de base e fim de papo. Se não tem, ganha um prazo de dois anos pra se adequar e fim de papo. Ou coloca base ou não entra !”, enfatiza.
Jacson Lira, quando voltou de Portugal , veio pra Manaus, onde tem uma filha. Aqui atuou como técnico da Honda e foi auxiliar do Barcelona Brasil. https://wp.me/p8WCNA-3HV
“Gostaria de poder falar diferente, mas não posso. Para viver como jogador de futebol, tem que sair do Amazonas e é pra isso que alguns abnegados trabalham insistentemente revelando e desenvolvendo os talentos. Marcelo Madonna, Adriano Sapinho , Junior Negão, Berg, Popoca, Sergio Duarte… os exemplos confirmam que o futebol amazonense precisa investir na base ou os talentos vão embora. Vamos usar nosso conhecimento pra dar essa oportunidade lá fora”, acrescentou Jacson.
Quanto aos parceiros escolhidos no Amazonas (citados no inicio da matéria), Jacson faz questão de enfatizar. “Olhando lá de fora são os trabalhos mais consistentes que temos no Amazonas. Nedson , Lucio e Bosco tem uma dedicação que se compara ao que vemos em outros centros. Tem outros treinadores ? Sim ! Mas esses andam com as pernas próprias e tem o resultado esportivo como consequência do trabalho. O exemplo deles é que os clubes profissionais deveriam seguir e não ficarem endividando os clubes todos os anos com contratações que não ajudam o futebol amazonense e que não dão oportunidade aos garotos e garotas da terra”, finalizou.